08/12/2024
Três ex-policiais rodoviários federais são condenados pela morte de Genivaldo
ARACAJÚ, SE - A Justiça Federal em Sergipe condenou três
ex-policiais rodoviários federais pela morte do aposentado Genivaldo Santos de
Jesus em 25 de maio de 2022. Genivaldo morreu asfixiado em uma abordagem da
Polícia Rodoviária Federal (PRF) às margens da BR-101, em Umbaúba, Sergipe,
após ser preso em uma viatura da corporação onde foi lançada uma granada de gás
lacrimogênio. O tribunal júri condenou o ex-policial rodoviário Paulo
Rodolpho Nascimento por homicídio triplamente qualificado – por asfixia, por
motivo fútil e sem chance de defesa para a vítima – a 28 anos de reclusão. Ele
foi o policial que atirou a granada dentro do veículo. Os ex-policiais William Barros Noia e Kleber Nascimento
Freitas tiveram pena menor: de 23 anos, um mês e nove dias de reclusão. No caso
dos dois réus, o corpo de jurados entendeu que não atuaram com intenção de
matar Genivaldo, e a pena foi estabelecida pelo juiz Rafael Soares Souza, da 7ª
Vara Federal em Sergipe. O julgamento,
realizado no município de Estância (SE), foi concluído na madrugada deste
sábado (7), às 5h20, após 12 dias de sessão. Genivaldo foi abordado pelos policiais por estar dirigindo
uma motocicleta sem usar capacete. Sem demonstrar resistência, Genivaldo desceu
da moto e foi derrubado em chão de terra batida ao lado da rodovia, algemado e
atingido com spray de pimenta. Imobilizado, o motociclista foi colocado na parte traseira
da viatura. Com a vítima rendida e presa no interior do veículo, o então
policial Paulo Rodolpho lançou a granada de gás lacrimogêneo no veículo e
forçou a porta contra as pernas da vítima. Perícia da Polícia Federal calculou
que a vítima foi sufocada dentro da viatura pelo gás lacrimogênio por 11
minutos e 27 segundos. Genivaldo Santos de Jesus tinha 38 anos e era aposentado por
sofrer de esquizofrenia. Estava diagnosticado e medicado há 20 anos. Era casado,
tinha um filho com 7 anos e um enteado com 18. Sua doença já havia sido
comprovada em processo judicial de 2016, também resultante de abordagem pela
Polícia Militar de Sergipe. Câmeras corporais Em agosto de 2023, o então ministro da Justiça, Flávio Dino,
demitiu os três policiais rodoviários e determinou a revisão dos manuais de
procedimentos da PRF. Em maio deste ano, a corporação anunciou testes com
câmeras corporais e veiculares, a serem utilizadas nos uniformes dos policiais
e nas viaturas, durante as atividades operacionais em todo o país. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança
Pública anunciada em outubro pelo governo federal prevê a transformação da PRF
em Polícia Ostensiva Federal, destinada ao patrulhamento de rodovias, ferrovias
e hidrovias federais. Autorizada, a nova polícia também poderá proteger bens,
serviços e instalações federais e prestar auxílio, emergencial e temporário, às
forças de segurança estaduais ou distritais, quando requerido pelos
governadores. A proposta está na Casa Civil da Presidência da República e
ainda não foi enviada ao Congresso Nacional. O governo aguarda manifestação
final dos governadores para encaminhar a proposta ao Parlamento.
Gilberto Costa/Nádia Franco – Agência Brasil, com foto: Reprodução/Redes Sociais
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