07/12/2024
Candidato a vice de Bolsonaro entregou dinheiro vivo em embalagem de vinho para financiar golpe
BRASÍLIA, DF - Em depoimento ao ministro Alexandre de
Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou
que presenciou quando o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e
ex-candidato a vice-presidente, entregou dinheiro vivo para financiar o plano
golpista “Punhal Verde e Amarelo” em uma embalagem para guardar vinhos. A coluna apurou ainda que o dinheiro foi destinado por Braga
Netto ao grupo conhecido como Kids Pretos, os militares com curso de operações
especiais, durante um encontro em uma das residências oficiais da Presidência
da República. Os dados foram confirmados para a coluna com duas fontes ligadas
à investigação. Procurada, a defesa de Mauro Cid não retornou. A coluna
tenta contato com a defesa do general Braga Netto. Cid prestou novo depoimento
para a PF nesta quinta-feira (5). Nos depoimentos recentes, Cid também afirmou que o
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) recebia informes de Braga Netto todos os
dias sobre o andamento do plano organizado pelos “Kids Pretos”. O plano
pretendia evitar a posse do presidente Lula após a derrota de Bolsonaro nas
eleições de 2022 e ainda tinha o planejamento para assassinato de Lula, do
vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes. No entanto, a coluna apurou que Cid afirma que não tinha
conhecimento de que o plano previa os assassinatos. O plano dos militares seria consumado no dia 15 de dezembro
de 2022. O advogado de Cid, Cezar Bitencourt, afirmou, em entrevista ao
programa Estúdio I, da TV Globo, que Bolsonaro tinha conhecimento de tudo.
“Sabia, sim, na verdade o presidente de então sabia tudo. Na verdade, comandava
essa organização”, disse Bitencourt. A coluna adiantou que Cid tinha mencionado
que Bolsonaro sabia do plano. No entanto, o advogado depois voltou atrás nas
declarações. Após o depoimento para Moraes, o ex-ajudante de ordens de
Bolsonaro conseguiu manter os benefícios do acordo de colaboração premiada com
a PF. A Polícia Federal havia pedido a rescisão do acordo de colaboração
premiada de Cid após descobrir que ele havia omitido informações sobre a trama
para os assassinatos. Ao depor para a PF, durante a Operação Contragolpe, no dia
19 de novembro, Cid não informou o que sabia sobre o dinheiro que Braga Netto
entregou para financiar o golpe. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro só fez
menção à informação dois dias depois, no dia 21 de novembro, no STF. Por isso,
a PF manteve o pedido de rescisão. A PF já havia descoberto que a reunião para dar início ao
plano dos assassinatos havia sido realizada na casa de Braga Netto, em novembro
de 2022. Cid participou do encontro. Também estiveram presentes parte dos militares com formação
em Operações Especiais, conhecidos como Kids Pretos. Eles foram os responsáveis
por colocar em prática o plano. A PF constatou que um grupo de ao menos seis
militares chegou a se posicionar em diversos pontos de Brasília para capturar
Moraes em 15 de dezembro de 2022. Depois da audiência, Alexandre de Moraes decidiu contrariar
o pedido da Polícia Federal e manteve os benefícios da colaboração premiada de
Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi preso duas vezes em
inquéritos da PF, mas está em liberdade desde maio.
ICL Notícias, com foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
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