10/12/2024
Inflação oficial perde força na passagem de outubro para novembro e fecha o mês em 0,39%
BRASÍLIA, DF - A inflação oficial do país perdeu força na
passagem de outubro para novembro e fechou o último mês em 0,39%. Em outubro, o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia sido de 0,56%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (10) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A desaceleração não
significa que os preços ficaram mais baratos, mas que subiram menos. O custo da
alimentação foi o que mais pressionou o IPCA em novembro. No acumulado de 12 meses, a inflação oficial soma 4,87%,
acima da meta do governo de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.)
para mais ou para menos. É também o maior acumulado desde setembro de 2023. No
acumulado do ano, ou seja, de janeiro e novembro, o IPCA sobe 4,29%. “Caso o IPCA seja superior a 0,20% em dezembro, o IPCA
ficará acima da meta”, calcula o gerente da pesquisa, André Almeida. Em novembro, o item alimentação e bebidas subiu 1,55%, o que
representa 0,33 p.p. da inflação total. O maior impacto veio das carnes, que
aumentaram 8,02% (0,20 p.p. de impacto no índice). A alcatra, por exemplo,
ficou 9,31% mais cara. Já o contrafilé aumentou 7,83%. “A menor oferta de animais para abate e o maior volume de
exportações reduziram a oferta do produto”, explicou o gerente da pesquisa,
André Almeida. Dentro do grupo despesas pessoais, que tiveram aumento de
1,43% (0,14 p.p do IPCA), os impactos mais marcantes foram o cigarro, que subiu
14,97%, pacote turístico (4,12%) e hospedagem (2,20%). Outro grupo que pressionou a inflação em novembro foi o de
transportes, que subiu 0,89% e representa 0,13 ponto percentual (p.p.) do IPCA
fechado. O vilão foi o preço das passagens aéreas, que subiram 22,65%. O
bilhete de avião foi o item individual que mais subiu entre todos os produtos e
serviços que têm preços apurados pelo IBGE. “A proximidade do final de ano e os diversos feriados do mês
podem ter contribuído para essa alta”, avaliou Almeida. Já pelo lado dos alívios na inflação de novembro, estão os
combustíveis, que caíram 0,15%, influenciados pelas quedas nos preços do etanol
(-0,19%) e da gasolina (-0,16%). O custo da habitação teve inflação negativa em novembro,
-1,53%, o que representa 0,24 p.p. do IPCA. O resultado é explicado pelo
subitem energia elétrica residencial, que caiu 6,27% no mês. Isso ocorreu
porque, em novembro, a bandeira tarifária da conta de luz foi a amarela,
diferentemente da vermelha do mês anterior. Difusão O IBGE apurou que em novembro, o índice de difusão ficou em
58%. Isso mostra que 58% dos 377 subitens tiveram aumento de preço. Em outubro,
o índice estava em 62%. O IPCA apura o custo de vida para famílias com rendimentos
entre um e 40 salários mínimos. A coleta de preços é feita nas regiões
metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória,
Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e
dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. Inflação x juros O comportamento do IPCA é um dos principais balizadores da
taxa básica de juros no país, a Selic, decidida pelo Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A meta de inflação para 2024 é 3%, com tolerância de 1,5
ponto percentual para mais ou para menos. A Selic é um instrumento do Banco Central para controlar a
inflação. Taxa alta é sinônimo de freio na atividade econômica, o que tem
potencial de conter aumento de preços, mas, por outro lado, desestimula
investimentos e a criação de emprego e renda. A última reunião do ano do Copom começa nesta terça-feira e
terminará na quarta-feira (11). Atualmente a taxa está em 11,25% ao ano. Será
também o último encontro do colegiado com Roberto Campos Neto na presidência do
BC, indicado pelo governo anterior. A partir de 2025, o Copom, a autoridade
monetária será presidida por Gabriel Galípolo, indicado pelo atual governo. O Boletim Focus, pesquisa feita pelo BC com instituições
financeira, aponta que a inflação deve terminar 2024 em 4,84%. Há quatro
semanas, a expectativa era de 4,62%. Já em relação à taxa de juros, há
expectativa é terminar 2024 em 12%, ou seja, 0,75 p.p. acima da atual. Como já
estamos em dezembro, esse aumento terá efeitos na inflação dos próximos anos, a
chamada convergência da taxa de juros, estratégia para que a inflação se
aproxime da meta desejada.
Bruno de Freitas Moura/Maria Cláudia, COM FOTO: mARCELLO cASAL jR – Agência Brasil
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