17/10/2024
Governo descarta adotar horário de verão este ano: “segurança energética está assegurada”
BRASÍLIA, DF - O governo federal descartou a possibilidade
de instituir o horário de verão este ano. A decisão foi anunciada hoje (16),
pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, horas após se reunir com
representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). “Chegamos à conclusão de que não há necessidade de
decretação do horário de verão para este período, para este verão”, declarou
Silveira, durante coletiva de imprensa na sede do ministério, em Brasília. “Temos a segurança energética assegurada. É o início de um
processo de restabelecimento da nossa condição hídrica ainda muito modesto, mas
temos condições de chegar, depois do verão, em condição de avaliar a volta
desta política [para o verão de 2025/2026]”, acrescentou o ministro, defendendo
a eficácia da medida em determinadas circunstâncias. “É importante que esta política seja sempre considerada. [O
horário de verão] não pode ser fruto de uma avaliação apenas dogmática ou de
cunho político, pois tem reflexos tanto positivos, quanto negativos, no setor
elétrico, quanto na economia [em geral], devendo estar sempre na mesa”,
discorreu o ministro ao destacar que a iniciativa é adotada por vários outros
países, em uns, apenas com o condão energético, mas, em outros, um caráter
quase que exclusivamente econômico. “Países que têm matrizes de energia nuclear, como, por
exemplo, a França, adotam o horário de verão muito mais por uma questão
econômica, de impulsionar a economia em certos períodos do ano, do que pela
segurança energética”, comentou o ministro. “O pico do custo-benefício do horário de verão é nos meses
de outubro e novembro, até meados de dezembro. Se nossa posição fosse decretar
o horário de verão agora, usufruiríamos muito pouco deste pico. Porque teríamos
que fazer um planejamento mínimo para os setores poderem se adaptar.
Conseguiríamos entrar com isso só em meados de novembro e o custo-benefício
seria muito pequeno”, acrescentou o ministro. No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira
vez em 1931. Seguiu sendo adotado de forma irregular até 1985, quando passou a
ser implementado sistematicamente, com a justificativa de contribuir para a
redução do consumo de energia elétrica e beneficiar setores de lazer e consumo
como o turismo, comércio, bares e restaurantes a partir do melhor
aproveitamento da luz natural. A partir de 2019, e durante todo o governo Bolsonaro, a
iniciativa foi descartada. Na ocasião, o Ministério de Minas e Energia apontou
que, ao longo dos anos, os hábitos de consumo da população mudaram
drasticamente, alterando os horários de maior consumo energético e tornando a
medida sem efeito. Neste ano, contudo, o governo federal voltou a cogitar
adiantar os relógios em parte do país, como forma de enfrentar o que, segundo o
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemanden), é
a pior seca já registrada no país. “O Brasil viveu [e ainda] está vivendo, este ano, a maior
seca da nossa história – embora já haja sinais de superação do momento mais
crítico, com chuvas no Sudeste e na cabeceira de alguns rios importantes”,
reforçou Silveira. Ele lembrou que a principal fonte de energia da matriz
elétrica brasileira é a hidrelétrica. “Graças a algumas medidas de planejamento
feitas durante um ano, conseguimos chegar com nossos reservatórios com índices
de resiliência que nos dão certa tranquilidade”, concluiu o ministro. Popularidade Nesta segunda-feira (14), o instituto Datafolha divulgou o
resultado de uma pesquisa que aponta que a volta do horário de verão divide
brasileiros. Quarenta e sete por cento dos entrevistados declararam ser
favoráveis à medida. Outros 47% disseram ser contrários, enquanto os 6%
restantes responderam ser indiferentes à iniciativa. A pesquisa foi realizada
nos dias 7 e 8 de outubro. Foram ouvidas 2.029 pessoas em 113 cidades das cinco
regiões. Em meados de setembro, o portal Reclame Aqui e a Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) divulgaram as conclusões de um
levantamento que indica que a maior parcela (54,9%) da população está de acordo
com o horário de verão: 41,8% disseram ser totalmente favoráveis e 13,1%,
parcialmente favoráveis. Outros 25,8% se mostraram totalmente contrários à
implementação da medida e 2,2% parcialmente contrários. Dezessete por cento
afirmaram ser indiferentes.
Alex Rodrigues/Denise Griesinger – Agência Brasil
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