15/10/2024

Projetos da Prefeitura de João Pessoa promovem inclusão educacional e social de crianças autistas



JOÃO PESSOA, PB - A Prefeitura de João Pessoa promove a inclusão educacional e a socialização de crianças com espectro autista em projetos realizados em diferentes secretarias municipais. 

Na Tardezinha Inclusiva, crianças e seus familiares participam de atividades recreativas, mostrando que a arte e a cultura têm um papel essencial na construção de um mundo mais acolhedor. As escolas da rede municipal contam com cuidadores e professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que auxiliam crianças autistas dentro da sala de aula, buscando criar um ambiente de acolhimento, respeito e interação com os demais colegas. 

“Os espaços de inclusão precisam dar a oportunidade para que crianças e adolescentes autistas se expressem, descubram talentos e criem laços”, ressalta Nik Fernandes, coordenadora e mentora da Tardezinha Inclusiva. 

O projeto, realizado pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Associação Paraibana de Autismo (APA) e Turma Tá Blz, tem como objetivo colocar na agenda da sociedade pessoense a inclusão social de crianças com espectro autista. O evento acontece no Centro Cultural de Mangabeira, no último domingo de cada mês.

“Para a maioria dessas crianças, o evento representa a primeira oportunidade de sair de casa e interagir com o mundo de forma significativa. Antes, muitas delas ficavam cristalizadas dentro de casa, sem ter a chance de mostrar seu talento e de fazer amigos. Elas encontraram na Tardezinha Inclusiva um espaço para crescer e se desenvolver”, comenta Nik Fernandes. 

A Tardezinha é um espaço para as crianças brincarem, correrem, dançarem e cantarem com as atrações musicais. As mães que participam do projeto se sentem acolhidas, pois estão num espaço seguro em que todas ali compartilham de experiências parecidas. 

“Projetos como a Tardezinha Inclusiva são a chave para a mudança no cenário de inclusão. Eles não só dão visibilidade ao talento e potencial dessas crianças, como também mostram que a sociabilidade e a participação ativa na comunidade são não apenas possíveis, mas necessárias”, destaca Nik Fernandes. 

A Prefeitura de João Pessoa também incentiva a socialização de crianças autistas nas escolas da rede municipal por meio do Projeto Conhecer para Incluir, da Divisão de Educação Especial da Secretaria de Educação e Cultura (Sedec). O Projeto também atende crianças, adolescentes e adultos com síndromes, cegueira e deficiência intelectual, beneficiando mais de 5,2 mil alunos.

“Nossa intenção é incluir esses alunos dentro do contexto de sala de aula. Então, além de trabalhar o desenvolvimento educacional para cada um desses CIDs, nós também lidamos com os desafios das atividades da vida diária desses alunos, como comprometimento para ir ao banheiro, se alimentar, interação com outros colegas”, explica a professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Sedec, Gilsana Lins da Cruz, que trabalha na Escola Municipal Nazinha Barbosa, em Manaíra. 

Segundo dados da Secretaria de Educação e Cultur, a rede municipal tem quase 2,8 mil alunos autistas matriculados em Centros Municipais de Ensino Infantil (CMEIs) e escolas de ensino fundamental. Essas crianças contam com o auxílio de cuidadores, que trabalham para garantir o conforto e a segurança em sala de aula. 

Um desses profissionais é Ivson de Aquino Costa, que também trabalha na Escola Municipal Nazinha Barbosa. Ele já tinha feito cursos na área de educação inclusiva antes de se tornar cuidador no Projeto Conhecer para Incluir. E, após ser classificado no processo seletivo para atuar na vaga da rede municipal, ele também passou por uma capacitação oferecida pela Secretaria de Educação e Cultura. 

“Nosso trabalho vai desde a acolhida até a saída do aluno da escola. Ao recebê-los, a gente presta atenção como está o humor dele naquele dia, se ele chegou alegre, triste, mais introspectivo, entusiasmado. Na sala de aula, nosso papel é tentar auxiliar o aluno a manter o foco nas atividades educacionais. Também ajudamos na locomoção pela escola, na alimentação, na ida ao banheiro, na higienização e, claro, na socialização com os demais alunos”, conta Ivson de Aquino.

Atendimento especializado 

O Centro de Referência Municipal de Inclusão para Pessoas com Deficiência (CRMIPD), coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde, também oferece atendimento especializado para crianças e adolescentes autistas. 

Ao chegar lá, a criança ou o adolescente passa por uma triagem multiprofissional de avaliação e é encaminhado para os serviços especializados. A equipe multidisciplinar do Centro de Referência realiza atendimentos nas mais diversas áreas, como Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Arteterapia, Educação Física, Psicopedagogia, Ortopedia, Neuropediatria, Psiquiatria e Assistência Social. 

Segundo a coordenadora de Saúde do CRMIPD, Nadja Nubia Marques Serrano, o espaço tem 532 usuários cadastrados e realiza, em média, 2 mil atendimentos por mês. São oferecidas três refeições diárias para os usuários e seus responsáveis. 

“O Centro de Referência foi totalmente reformado e adaptado para receber essa comunidade. Cada usuário tem seu horário fixo e programado para que o mesmo venha em um único turno, sendo uma vez por semana os seus atendimentos”, conta Nadja Serrano. “É também por meio do Centro de Referência que essas crianças e adolescentes são encaminhados para escolas municipais, estaduais e particulares, bem como para outras unidades da rede municipal e estadual, como Caps I, Funad, PSFs”, acrescenta. 

Ellyka Gomes, com fotos: Kleide Teixeira/Secom-JP

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