01/08/2024

Homem confessa ter matado sindicalista em emboscada, por ordem de irmão de ex-vereador



BELO HORIZONTE, MG - O ex-vigilante Leandro Assis, acusado de matar o sindicalista e ex-vereador de Funilândia, na Região Central de Minas Gerais, Hamilton Dias de Moura, confessou o crime e disse ter sido contratado pelo irmão do ex-vereador de Belo Horizonte Ronaldo Batista, o suposto mandante do assassinato. A declaração foi feita durante o julgamento dos acusados nesta quarta-feira (31/7), no 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. 

Hamilton foi morto em julho de 2020 em uma espécie de emboscada no Bairro Jardinópolis, Região Oeste de Belo Horizonte. O crime teria sido encomendado pelo ex-vereador de BH por vingança e disputas sindicais. Como pagamento, Leandro receberia R$ 40 mil e “uma ampla e confortável casa no estado do Espírito Santo”. 

Em seu depoimento, o ex-vigilante disse que o crime foi contratado pelo irmão de Batista, Gerson Geraldo Cesário, que teria justificado o assassinato porque “Hamilton trazia muitos transtornos para ele no sindicato”. Ainda de acordo com Leandro, a vítima foi atraída ao local do crime para um suposto encontro amoroso marcado em conversas entre a vítima e um perfil falso de mulher. 

O réu afirmou ter contatado o policial militar Felipe Vicente, que ficou responsável por organizar a emboscada contra o sindicalista. O militar foi condenado no ano passado a 17 anos de prisão em regime fechado. 

Os acusados começaram a ser ouvidos nesta quarta. Além do ex-vigilante, Ronaldo Batista e seu irmão Antônio Carlos Cezario também prestaram depoimento. O julgamento, previsto para encerrar na quinta-feira (1º/8), ainda terá depoimento de outros cinco suspeitos. Dois réus já foram julgados e condenados no ano passado, o policial militar Felipe Vicente de Moura e Thiago Viçoso de Castro. 

O julgamento será retomado com os debates entre a promotoria e a defesa dos acusados a partir de 8h30 de quinta. 

O crime

Hamilton de Moura foi morto com 12 tiros em uma emboscada, após estacionar ao lado da estação do metrô na Vila Oeste, em Belo Horizonte. O crime ocorreu em julho de 2020. 

De acordo com o inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais, Gerson e seu irmão, Antônio Carlos Cesário, haviam ajudado o ex-vereador de Belo Horizonte, Ronaldo Batista, no planejamento da execução do crime. Batista, de acordo com as investigações, foi o mandante. Coube aos irmãos Cesário intermediar o contato do executor do crime com o ex-parlamentar da capital mineira. 

Personalidade respeitada entre sindicalistas do setor de transportes, Hamilton era presidente do Sindicato dos Motoristas e Empregados em Empresas de Transporte de Cargas, Logística em Transporte e Diferenciados de Belo Horizonte e Região (SIMECLODIF). 

Moura e Ronaldo Batista chegaram a ser aliados, mas romperam relações em 2010. Ronaldo, na época do crime, era presidente da Federação dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Minas Gerais (Fettrominas) e, até 2018, esteve à frente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTRBH). 

As investigações apontaram que a vítima criou um sindicato à parte, que enfraqueceu o STTR-BH. A arrecadação da instituição foi, inclusive, muito impactada. Hamilton também patrocinava ações judiciais contra o rival, que resultaram em bloqueios de bens no valor aproximado de R$ 6 milhões. 

Ronaldo Batista nega ter mandado matar rival 

Também ouvido nesta quarta, o ex-vereador de Belo Horizonte, Ronaldo Batista, negou participação no crime e disse que foi indicado como suspeito pelo assassinato de Hamilton Moura porque a família da vítima não gostava dele, em função de divergências entre os dois na política dos sindicatos. 

Ainda segundo o ex-vereador, os dois não eram amigos próximos, mas existia um respeito entre eles. Ronaldo disse, inclusive, que chegou  a ser convidado para a festa de aniversário da família da vítima. 

Em relação ao relacionamento entre o acusado e a vítima no Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Belo Horizonte (STTR-BH), o suspeito em julgamento informou que, mesmo depois de eleito presidente do sindicato, ele manteve a vítima e sua família na instituição. 

EM, com foto: Divulgação/TJMG

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