18/07/2024
Desembargador que falou em “mulheres loucas atrás de homens” é afastado do cargo pelo CNJ
BRASÍLIA, DF - O Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
determinou nesta quarta-feira (17) o afastamento do desembargador do Tribunal
de Justiça do Paraná (TJPR) Luís Cesar de Paula Espíndola. A medida foi tomada pelo corregedor nacional de Justiça,
ministro Luís Felipe Salomão, que decidiu investigar o magistrado por
"discurso potencialmente preconceituoso e misógino" durante uma
sessão de julgamento realizada no dia 3 de julho. Durante o julgamento sobre assédio envolvendo uma menor de
12 anos, o desembargador disse que as "mulheres estão loucas atrás dos
homens" e criticou o que chamou de "discurso feminista
desatualizado". Na sessão, o magistrado também votou contra a concessão de
medida protetiva à adolescente. "Se Vossa Excelência sair na rua hoje, quem está
assediando, quem está correndo atrás de homens são as mulheres, porque não tem
homem. Hoje em dia, o que existe é que as mulheres estão loucas atrás dos
homens, porque são muito poucos. A mulherada está louca atrás de homem".
afirmou. O afastamento foi motivado por uma ação da seccional da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná. No entendimento do corregedor, o
desembargador não pode continuar no cargo, exercendo a presidência da 12ª
Câmara Cível, destinada ao julgamento de causas de família. "Diante da gravidade do caso e a premente necessidade
de prevenir situações futuras em caso de permanência do desembargador à frente
da Câmara que atua nesta mesma matéria, com atitudes reiteradas de
contrariedade às políticas e normativos encampados por este conselho",
afirmou o ministro. Em nota divulgada após o episódio, o desembargador disse que
não teve a intenção de "menosprezar o comportamento feminino". "Esclareço que nunca houve a intenção de menosprezar o
comportamento feminino nas declarações proferidas por mim durante a sessão da
12ª Câmara Cível do tribunal. Afinal, sempre defendi a igualdade entre homens e
mulheres, tanto em minha vida pessoal quanto em minhas decisões. Lamento
profundamente o ocorrido e me solidarizo com todas e todos que se sentiram ofendidos
com a divulgação parcial do vídeo da sessão", declarou.
André Richter/Juliana Andrade, com foto: Rafa Neddermeyer – Agência Brasil
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