30/06/2024
Lula critica interrupção de programas sociais e obras públicas em governos anteriores
RIO DE JANEIRO, RJ - O presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, criticou neste domingo (30) a interrupção de programas sociais e
obras públicas em governos anteriores. Ao participar da cerimônia de entrega de
moradias populares de um programa habitacional da prefeitura do Rio de Janeiro,
Lula lembrou que criou o Minha Casa, Minha Vida em 2009 e terminou o segundo
mandato (2010) com 1 milhão de pessoas inscritas. “Nós já conseguimos fazer 7,8 milhões de casas”, disse o
presidente, para em seguida criticar a condução do programa em governos
passados. “Lamentavelmente houve um período conturbado neste país, e
gente teve um governo que esqueceu de fazer as coisas do povo e passou a contar
mentira para esse povo. Encontrei, quando voltei, 87 mil casas que tinham sido
começadas em 2011, 2012 e 2013, totalmente abandonadas”, lamentou, sem citar
nomes de ex-presidentes. Lula contou que, há poucos dias, fez a entrega de moradias
populares em Fortaleza, que deveriam ter sido entregues em 2018. “Não teve um
governo com a decência de respeitar o povo e entregar aquelas casas”, disse. O presidente afirmou ainda que, ao assumir o terceiro
mandado, retomou uma série de obras públicas interrompidas. “Só de escola, eram
quase 6 mil obras paralisadas nesse país. Na saúde, quase 3 mil. Esse país foi
abandonado porque governar não é mentir, não é falar, governar é fazer.” Ele também criticou a queda pela metade no número de
profissionais do programa Mais Médicos. “Nós chegamos a ter 23 mil médicos.
Quando voltei para a Presidência da República, a gente só tinha 12,5 mil
médicos. Hoje nós temos 26,5 mil”, contextualizou. “O povo mais humilde, o povo trabalhador, só é lembrado na
época da eleição. Na época da eleição, o povo pobre é muito falado no palanque,
todo mundo gosta de pobre, elogia pobre e fala mal de banqueiro e empresário,
porque a maioria é pobre e a maioria tem voto. Depois da eleição, nunca mais
essas pessoas se lembram do pobre”, criticou. Apartamentos
populares Lula participou da entrega de unidades populares do programa
Morar Carioca. Neste domingo, foram entregues os primeiros 16 dos 704
apartamentos de um conjunto habitacional. Ao todo, serão 44 prédios, cada um
com 16 apartamentos. Outros quatro estão em fase de fundação. A previsão é
concluir as entregas até 2026, quando cerca de 4 mil pessoas terão sido
beneficiadas. O condomínio fica na comunidade do Aço, em Santa Cruz, zona
oeste do Rio, a cerca de uma hora e meia de carro do centro da cidade. A favela
foi criada no fim da década de 1960, quando moradores afetados por enchentes
foram realocados em moradias improvisadas que deveriam ter sido temporárias. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, explicou que, à
medida que as famílias forem sendo transferidas para os novos imóveis, as casas
antigas serão demolidas e darão espaço a prédios novos. O investimento da prefeitura é de R$ 243 milhões, sendo R$
45 milhões financiados pelo Banco do Brasil. O presidente Lula criticou alguns projetos de moradia
popular em que os apartamentos não têm características como varanda e espaço
para mesa para refeição. “Vamos parar de preconceito contra as pessoas mais humildes.
O cara que levanta às 5h da manhã para trabalhar, anda duas horas de ônibus e
depois volta para casa para chegar às 8h da noite, esse cara precisa ter respeito,
[tem que] tratar esse cara com decência”, disse o presidente. À plateia de moradores da região, Lula relembrou a época em
que vivia em moradias precárias, com apenas um banheiro para muitas pessoas. “Quando saí de Pernambuco para São Paulo, a primeira casa em
que eu fui morar era um quarto e cozinha no fundo de um bar, em que o banheiro
que a minha família usava – minha mãe e oito filhos – era o banheiro que as
pessoas que bebiam no bar iam utilizar”, lembrou, para depois contar que morou
em uma casa de 33 metros quadrados. "Eu conto isso para vocês saberem que vocês não têm
como presidente da República um estranho no ninho”, declarou. Roda da economia O presidente afirmou que o governo ser voltado para os
pobres não é ameaça aos ricos. “Nós não queremos tirar nada de ninguém, [que] ninguém que
seja rico tenha medo de nós. A gente quer que os empresários produzam, que os
empresários ganhem dinheiro, porque, se eles estiverem produzindo e ganharem
dinheiro, vão contratar trabalhador, vão pagar salário, o trabalhador vai virar
consumidor. Quando o trabalhador virar consumidor, ele vai na loja, vai comprar
uma coisa, a loja vai contratar mais um comerciário, a loja vai contratar coisa
da empresa e assim a roda da economia começa a girar e todos participam”,
destacou. “Muito dinheiro na mão de poucas pessoas significa pobreza,
analfabetismo, mortalidade infantil, fome, miséria, porque é muito dinheiro na
mão de poucos, é concentração de riqueza. Mas pouco dinheiro na mão de muitos
muda o jogo, todo mundo vai poder comprar um pouquinho, poder comer melhor,
todo mundo vai na padaria, vai tomar um café, e a economia gira”, avaliou. No evento em que elogiou o prefeito Eduardo Paes, “possível
melhor gerente de prefeitura que este país já teve”, Lula disse que a chave
para os municípios terem acesso a recursos do governo federal é apresentar bons
projetos. “Quem quiser dinheiro do governo federal, não faça discurso.
Apresenta projeto, porque se o projeto for bem apresentado e uma coisa possível
de ser feita, não tem por que o presidente da República deixar de passar
dinheiro.”
Bruno de Freitas Moura/Juliana Andrade – Agência Brasil, com fotos: Ricardo Stuckert/PR
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