03/06/2024
Perto do fim do caso das joias, Polícia Federal aprofunda investigação sobre Michelle Bolsonaro
BRASÍLIA, DF - A Polícia Federal (PF) planeja concluir o
inquérito que apura enriquecimento ilícito e apropriação ilegal de patrimônio
público pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) nos próximos dias e está
aprofundando os dados da investigação que envolvem a ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro. A coluna apurou que, com o material obtido, é difícil que
Michelle escape de algum indiciamento. No entanto, o aprofundamento das
investigações nessa reta final é necessário para tipificação precisa das
condutas que serão apontadas. Michelle, porém, sempre negou as acusações. O inquérito apura tanto a venda ilegal de joias presenteadas
pelo governo saudita como o desvio de recursos públicos para pagamentos de
Michelle e seus familiares feitos com dinheiro vivo. A investigação obteve mais
dados do envolvimento dela no segundo caso. Cartão usado por
Michelle Bolsonaro As suspeitas sobre os desvios iniciaram a partir de
comprovantes de pagamentos obtidos no celular do ex-ajudante de ordens Mauro
Cid e se ampliaram com a quebra de sigilo bancário e fiscal do militar e de
outros ex-funcionários da ajudante de ordens. Entre os dados, a PF identificou pagamentos de boletos para
um irmão da ex-primeira-dama em setembro de 2021. Os investigadores também
identificaram mensagens que apontam que Bolsonaro orientou Cid a fazer o
pagamento de um boleto de uma despesa hospitalar para uma tia de Michelle,
Maria Helena Braga, em dinheiro vivo. Esses dados foram revelados em uma
reportagem do jornalista Aguirre Talento. Os policiais suspeitam que uma empresa com contratos
públicos na gestão Bolsonaro seria o local de origem das transferências feitas
para um militar da Ajudância de Ordens, subordinado a Cid. A investigação aponta que o segundo-sargento Luis Marcos dos
Reis fez saques em dinheiro vivo para pagar despesas de um cartão de crédito
que era utilizado pela ex-primeira-dama e também fez 12 depósitos em dinheiro
na conta de uma tia de Michelle. O cruzamento de informações demonstrou que saiu da conta da
Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção os depósitos
de R$ 25,3 mil para a conta do sargento Dos Reis. Com sede em Goiânia, a
empresa tem contratos com o governo federal e o principal é com a estatal
Codevasf. Foram localizados ainda três depósitos do sargento para a
conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, uma amiga de Michelle que chegou a emitir
um cartão de crédito para a ex-primeira-dama. Os depósitos, em espécie, que ela recebia eram usados para
pagar a fatura do cartão de crédito da então primeira-dama. Outros depósitos
foram diretamente para a tia de Michelle, Maria Helena Graces de Moraes Braga.
Juliana Dal Piva/ICL Notícias, com foto: Isac Nóbrega/PR
|