02/06/2024
Alexandre de Moraes se declara impedido de julgar presos por ameaças à sua família
BRASÍLIA, DF - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), decidiu neste sábado (1º) manter a prisão preventiva de
dois homens suspeitos de ameaçar a integridade física de sua família, mas em
seguida se declarou impedido de julgá-los em relação a essas mesmas ameaças. Moraes manteve o sigilo das investigações sobre as ameaças a
sua família. Ele justificou a manutenção das prisões afirmando que os autos
apontam a prática de atos para “restringir o exercício livre da função
judiciária”, em especial no que diz respeito à apuração dos atos golpistas de 8
de janeiro de 2023. Para o ministro, “a manutenção das prisões preventivas é a
medida razoável, adequada e proporcional para garantia da ordem pública, com a
cessação da prática criminosa reiterada”, escreveu. Moraes manteve a relatoria sobre a parte do inquérito que
aponta a prática do crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de
Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais
(Art. 359-L do Código Penal). Foi em função desse crime que Raul Fonseca de
Oliveira e Oliveirino de Oliveira Júnior foram presos pela Polícia Federal (PF)
nessa sexta-feira (31). Já em relação aos crimes de ameaça e perseguição (Art. 147 e
147-A do Código Penal), que teriam sua família como alvo, Moraes se declarou
impedido, sob a justificativa e que, apenas nesse ponto, ele é interessado
direto no caso, não podendo, portanto, ser também o julgador. É a primeira vez
que o ministro reconhece o impedimento em um caso sobre tentativa de golpe. Ao manter a prisão dos suspeitos, Moraes transcreveu parecer
da Procuradoria-Geral da República (PGR), segundo o qual o conteúdo de
mensagens trocadas pelos dois fazia referência a “comunismo” e
“antipatriotismo”. Para a PGR, a comunicação entre os suspeitos “evidencia com
clareza o intuito de, por meio das graves ameaças a familiares do Ministro
Alexandre de Moraes, restringir o livre exercício da função judiciária pelo
magistrado do Supremo Tribunal Federal à frente das investigações relativas aos
atos que culminaram na tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito
em 8.1.2023”.
Felipe Pontes/Juliana Andrade – Agência Brasil, com foto: Reprodução/TSE
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