14/05/2024
Engenheira de 31 anos morre após cirurgia para a colocação de balão intragástrico
BARREIRO, MG - A engenheira Laura Fernandes Costa, de 31
anos, morreu devido a uma infecção generalizada causada por uma perfuração no
estômago. A família acredita que se trata de uma complicação de uma cirurgia
para colocação de um balão intragástrico. A operação foi feita pois Laura
queria emagrecer para o seu casamento, marcado para o dia 7 de setembro deste
ano. O procedimento ocorreu em uma clínica na região do Barreiro
no dia 26 de abril. A colocação de um balão intragástrico tem como objetivo
reduzir o espaço disponível no estômago a fim de fazer com que o paciente
diminua a quantidade de alimento ingerido e, consequentemente, perca peso. Laura sentiu os primeiros sintomas no dia seguinte à
cirurgia. No dia 30 de abril, entrou em contato com o médico responsável, Mauro
Lúcio Jácome, para realizar a retirada do balão na mesma clínica onde foi
atendida anteriormente, mas não encontrou o profissional. Em 1º de maio, voltou
a procurá-lo em outra unidade da Clínica Cronos, na Savassi, Região Centro-Sul
de Belo Horizonte, também sem êxito. A retirada do balão só veio a ocorrer no
dia 2 de maio, na Savassi. “A gente tem a informação que a família procurou o médico
responsável pela cirurgia e, ao que parece, ele não tomou o cuidado e não deu a
atenção devida para a paciente até então”, disse Lucimar Silveira Santos,
advogado responsável pelo caso. No entanto, a engenheira continuou a passar mal e, em 6 de
maio, foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o
Hospital Nossa Senhora de Lourdes, em Nova Lima, na Grande BH. Durante o
atendimento, foi encontrada uma perfuração no estômago, que acusou o vazamento
de fezes para o organismo e resultou em uma infecção generalizada. Ela morreu
no dia seguinte. “A princípio estamos conduzindo o caso com muita cautela,
para entender o que aconteceu. Amanhã iremos à delegacia com o noivo e o pai
para prestarem as informações devidas, vamos esperar as investigações avançarem
e, se for constatado o erro médico, a defesa irá ajuizar a ação cabível para
buscar reparação dos danos”, concluiu o advogado. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou um
inquérito para apurar as circunstâncias e a causa da morte de Laura. “A
instituição irá realizar as oitivas de testemunhas e envolvidos, solicitar os
prontuários médicos da paciente, bem como realizar todas as diligências
necessárias visando a completa elucidação do caso”, afirmou, em nota. Em nota, a Clínica Cronos, da qual o médico Mauro Lúcio
Jácome é sócio, afirmou que se solidariza com a dor da família, mas que a
paciente foi liberada sem sintomas logo após a cirurgia e que não retornou no
dia seguinte como estaria agendado. "O procedimento ocorreu sem qualquer
intercorrência, sendo a paciente liberada com acompanhante, sem sintomas, com
agendamento de retorno para o dia seguinte, para fins de acompanhamento, mas
sem comparecimento da paciente. A paciente não atendeu aos chamados da clínica
para retorno", diz a nota. "A Clínica e os seus profissionais estão à
disposição da família ou autoridades para prestar todo esclarecimento e
apresentar toda documentação necessária, a fim de comprovar a inexistência de
erro médico." Leia a nota da
clínica na íntegra: "Primeiramente, a
Clínica e os profissionais solidarizam-se com a dor da família. Em relação aos
fatos, cumpre esclarecer que o procedimento de colocação de balão intragástrico
é indicado para pacientes com sobrepeso ou obesidade, conforme literatura médica
(imc 25 /consenso brasileiro de balão intragástriico ) sendo que todos os
requisitos para tal procedimento foram atendidos no caso em questão. Houve a contratação da
Clínica para realização do referido procedimento, realizado em 26/04/2024, por
médico especialista em endoscopia e cirurgia há mais de 20 anos, sendo
referência profissional na área. Importante esclarecer,
que no Termo de Consentimento assinado deste procedimento são descritos os
possíveis riscos constantes da literatura médica como complicações, sendo que
todas as orientações e esclarecimentos foram informados à paciente. O procedimento ocorreu
sem qualquer intercorrência, sendo a paciente liberada com acompanhante, sem
sintomas, com agendamento de retorno para o dia seguinte, para fins de
acompanhamento, mas sem comparecimento da paciente. A paciente não atendeu aos
chamados da Clínica para retorno. Após, a pedido da
paciente, o balão intragástrico foi retirado, em 02/05/2024, também sem
qualquer intercorrência. A paciente deveria retornar à Clínica no dia seguinte,
03/05/2024, conforme retorno agendado, mas não retornou. Ocorre que, apesar da
insistência por comunicação, a paciente não retornou contato, tampouco
compareceu na Clínica. Após 05 dias, houve
informação sobre o procedimento cirúrgico a qual a paciente foi submetida,
junto ao Hospital de Nova Lima, e, mais tarde, no mesmo dia, houve informação
sobre o falecimento da paciente. Segundo consta, houve aspiração pulmonar na
entubação oro traqueal (IOT). A Clínica e os seus
profissionais não obtiveram ciência do estado de saúde da paciente, apesar da
insistência, pois não houve comunicação, e, infelizmente, não foi possível
auxílio, apesar da disponibilidade da Clínica e seus profissionais. Ocorre que pessoas
estão manifestando inverdades em redes sociais, acusando a Clínica e seus
profissionais do crime de omissão de socorro, bem como erro médico, o que
inexiste no presente caso. Existem pessoas que
estão afirmando que a Clínica negou a retirada do balão, o que é inverdade,
pois o mesmo foi retirado em 02/05/2024, sem intercorrência. Toda conduta médica
está registrada no prontuário da paciente. A Clínica e os seus profissionais
estão à disposição da família ou autoridades para prestar todo esclarecimento e
apresentar toda documentação necessária, a fim de comprovar a inexistência de
erro médico, omissão de socorro ou qualquer ato que desabone a conduta ilibada
da Clínica e do seu corpo médico."
EM, com foto: Arquivo Pessoal
|