09/05/2024
Banco Central reduz em 0,25 ponto percentual a taxa de juros básicos da economia
BRASÍLIA, DF - A alta recente do dólar e o aumento das
incertezas fizeram o Banco Central (BC) diminuir o ritmo do corte de juros. Por
5 votos a 4, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic, juros
básicos da economia, em 0,25 ponto percentual, para 10,5% ao ano. A decisão era
esperada pelos analistas financeiros . Essa foi a sétima vez consecutiva que o Copom reduziu a
Selic. No entanto, a velocidade dos cortes diminuiu. De agosto do ano passado
até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto
percentual a cada reunião. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, desempatou a
decisão ao votar por um corte de 0,25 ponto. Além de Campos Neto, votaram por
essa redução os seguintes diretores Carolina de Assis Barros, Diogo Abry
Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, indicados pelo
governo anterior. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes
membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e
Rodrigo Alves Teixeira, indicados pelo atual governo. Em comunicado, o Copom informou que o cenário internacional
se agravou e que a inflação subjacente, que elimina preços mais voláteis, está
acima da meta de inflação. Além disso, o comunicado defendeu que o arcabouço
fiscal aprovado no ano passado tenha credibilidade. Ao contrário das últimas
reduções, o Banco Central não deu nenhuma indicação sobre o que fará nos
próximos encontros. “O comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos
recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária. O
comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a
sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de
inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros,
consequentemente impactando a política monetária”, destacou o texto. A taxa está no menor nível desde fevereiro de 2022, quando
estava em 9,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a
Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em
meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano,
de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por
sete vezes seguidas, quando começou a ser reduzida. Antes do início do ciclo de alta, a Selic estava em 2% ao
ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da
contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha
derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor
patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021. Inflação A Selic é o principal instrumento do Banco Central para
manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA). Em março, o indicador ficou em 0,16% e acumula
3,93% em 12 meses. Após um repique em fevereiro, a inflação desacelerou em
março, por causa de alimentos, bebidas e transporte. O índice em 12 meses está exatamente no teto da meta de
inflação. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação
de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não
podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano. No Relatório de Inflação divulgado no fim de março pelo
Banco Central, a autoridade monetária manteve a estimativa de que o IPCA
fecharia 2024 em 3,5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista
na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de junho. As previsões do mercado estão mais otimistas que as
oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições
financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,73%,
abaixo portanto do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam
em 3,76%. Crédito mais barato A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia. Isso
porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o
consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação.
No último Relatório de Inflação, o Banco Central aumentou para 1,9% a projeção
de crescimento para a economia em 2024. O mercado projeta crescimento um pouco melhor. Segundo a
última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de
2,05% do PIB em 2024. A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos
públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de
referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima,
o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque
juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e
incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para
cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços
estão sob controle e não correm risco de subir.
Wellton Máximo/Aline Leal, com foto: Marcello Casal Jr – Agência Brasil
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