02/05/2024
Sobrinha que levou homem morto a banco será investigada por homicídio culposo e outros crimes
RIO DE JANEIRO, RJ - A mulher que levou um idoso morto a uma
agência bancária em busca de um empréstimo vai ser investigada também por
homicídio culposo - quando alguém contribui para a morte, porém, sem a intenção
de matar - além de vilipêndio de cadáver e tentativa de furto mediante fraude.
O caso aconteceu no último dia 16, em Bangu, bairro da zona oeste do Rio de
Janeiro. Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, levou o tio dela,
Paulo Roberto Braga, de 68 anos, a um ponto de atendimento em uma cadeira de
rodas, e tentou fazer com que um documento autorizando o financiamento fosse
assinado. Funcionários desconfiaram do estado de saúde do idoso, e equipes de
socorro de emergência confirmaram a morte. A mulher foi presa em flagrante. O caso estava sendo apurado inicialmente como vilipêndio de
cadáver e tentativa de furto mediante fraude, mas a 34ª Delegacia Policial (DP)
desmembrou a investigação. O delegado Fabio Souza entendeu que, como cuidadora
do idoso, a sobrinha, ao ver que ele não estava bem, deveria ter levado o tio
ao hospital, e não a uma agência bancária. As informações foram confirmadas com a Polícia Civil pela
Agência Brasil. Agentes fazem ainda diligências para a apurar a
responsabilidade da sobrinha. O caso ganhou notoriedade depois que imagens de Erika e o
idoso dentro do banco circularam nas redes sociais. É possível ver que ele está
pálido, sem reações e firmeza. Em determinado momento, a sobrinha pega na mão
do tio e sugere que ele assine um documento. Ela também insiste em tentar
diálogo com Paulo. A polícia já obteve acesso também a imagens que mostram o
trajeto até a chegada ao banco, além de ter ouvido o motorista do carro de
aplicativo que transportou sobrinha e tio. Defesa A advogada Ana Carla de Souza Corrêa, representante de Érika
Souza, disse à Agência Brasil que recebeu a notícia de forma “surpresa,
entristecida e indignada”. Ela acrescentou que a capitulação de homicídio
culposo foi aceita pelo Ministério Público e o órgão fez a denúncia à Justiça. A advogada afirmou que, em momento oportuno, após parecer da
juíza do caso, se manifestará e refutará a capitulação de homicídio culposo. A defesa de Érika espera ainda por uma apreciação da Justiça
em relação a um pedido de conversão da prisão convertida em domiciliar. Um dos
motivos é que Érika tem uma filha de 14 anos com deficiência e precisa de
cuidados da mãe. Há também um pedido de habeas corpus para que a cliente
responda ao processo em liberdade. “Não somente porque é [ré] primária, tem bons antecedentes e
residência fixa, assim como, em nenhum momento, ela se tornaria risco para
futura aplicação penal se respondesse ao processo em liberdade. Ou seja, ela
tem todos os requisitos legais para responder ao processo liberdade”,
argumenta. “Acreditamos na expectativa de que a senhora Érika tenha o
seu direito constitucional garantido”, completa. A defesa tem argumentado também que Érika sofre de depressão
e não teria percebido que o tio teria morrido no trajeto para o banco. A
advogada informou que mais dois profissionais foram incluídos na equipe de
defesa, o psiquiatra forense Hewdy Lobo e a psicóloga Elise Trindade. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ)
informou que a 1ª Promotoria de Justiça junto à 1ª e à 2ª Varas Criminais de
Bangu analisa o caso para a “correta formação da opinio delicti (opinião a
respeito de delito), oferecimento de denúncia e manifestação quanto ao pedido
de liberdade, o que será feito em perfeita obediência ao prazo estabelecido em
lei”.
Bruno de Freitas Moura/Valéria Aguiar – Agência Brasil, com foto: Reprodução
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