13/04/2024
Lula elogia atuação de Alexandre Padilha e diz que “só de teimosia”, ele ficará “muito tempo” no cargo
BRASÍLIA, DF - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
elogiou nesta sexta-feira (12) a atuação do ministro da Secretaria de Relações
Institucionais do governo, Alexandre Padilha. A declaração foi dada um dia
depois de Padilha ser alvo de duras críticas por parte do presidente da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que chamou o ministro de "desafeto
pessoal" e "incompetente". "O Padilha está no cargo que parece ser o melhor do
mundo nos primeiros seis meses [de governo], e depois começa a ser um cargo
muito difícil", afirmou Lula durante evento de inauguração da sede da
Associação Nacional de Fabricantes de Automóveis (Anfavea), em São Paulo. O
presidente comparou a posição na pasta, que cuida da articulação política do
governo com o Congresso Nacional e os entes federativos, com as oscilações
típicas de um casamento. "É como casamento, nos primeiros meses de casamento é
tudo maravilhoso, a gente não sabe os defeitos da companheira, ela não sabe os
nossos da gente, a gente ainda está se descobrindo. A gente promete coisas que
não vai fazer, ela também promete o que não vai fazer. Chega um momento que
começa a cobrar, e o Padilha está na fase da cobrança", disse Lula, em tom
bem-humorado. O presidente prosseguiu dizendo que o ministro da
articulação política de um governo costuma ser trocado com frequência para
poder renovar as promessas, mas que Alexandre Padilha tem muita capacidade e
continuará firme no cargo. "Esse é o tipo do ministério que a gente troca a cada
seis meses, para que o novo faça novas promessas, mas só de teimosia, o Padilha
vai ficar muito tempo nesse ministério, porque não tem ninguém melhor preparado
para lidar com a adversidade dentro do Congresso Nacional, do que o companheiro
Padilha", acrescentou. Crítica A crítica de Lira contra Padilha ocorreu ao ser questionado
por jornalistas, em evento no Paraná, se a decisão da Câmara de manter a prisão
do deputado Chiquinho Brazão (sem partido – RJ), acusado de ser mandante da
morte de Marielle Franco, indicaria um possível enfraquecimento da liderança
dele na Casa. Segundo Lira, essa consideração teria sido espalhada por Padilha
como forma de prejudicá-lo. “Essa notícia foi vazada pelo governo, basicamente do
ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, e incompetente. Não
existe partidarização. Eu deixei bem claro que a votação de ontem [quarta] é de
cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não teve um
partido que fechasse questão”, afirmou. Mais cedo, nesta sexta, em uma agenda no Rio de Janeiro,
Padilha afirmou que não guarda rancor em relação ao presidente da Câmara dos
Deputados e disse que não quer brigar, mas manter a "dupla de
sucesso" do governo com o Congresso Nacional. Sobre a depreciação de Lira,
o ministro de Lula disse ainda que não "desceria nesse nível". Apesar do episódio dessa semana ter sido a crítica mais
contundente, Lira já havia demonstrado insatisfação com Padilha durante quase
todo o ano passado. Nos últimos meses, a relação teria se deteriorado. Em
fevereiro, Lira se reuniu com Lula para discutir a relação entre governo e
Congresso Nacional, em meio a mais um novo clima de mal-estar com Padilha.
Desde então, o presidente da Câmara passou a ter uma linha de contato mais
direta com Lula, sem passar por Padilha, e com outros ministros importantes do governo,
como Rui Costa (Casa Civil).
Rafael Vilela/Sabrina Craide, com foto: Paulo Pinto – Agência Brasil
|