03/04/2024
Desembargador vota para cassar Moro e empata julgamento, que foi suspenso após novo pedido de vista
LONDRINA, PR - O desembargador José Rodrigo Sade, do
Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, votou nesta quarta-feira (3) a
favor da cassação do mandato e pela inelegibilidade por oito anos do senador
Sergio Moro (União-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato. Com a manifestação do
magistrado, o placar do julgamento está 1 a 1. Após o empate na votação, a desembargadora Claudia Cristina
Cristofani pediu vista do processo (mais tempo para analisar) e suspendeu o
julgamento, que será retomado na próxima segunda-feira (8). Se for cassado pelo TRE, Moro não deixará o cargo
imediatamente porque a defesa poderá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Se a eventual cassação for confirmada pelo TSE, novas eleições serão
convocadas no Paraná para preencher a vaga do senador. Ele ainda ficará
inelegível por oito anos. O julgamento começou na segunda-feira (1º), quando o relator
do caso, desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, se manifestou contra a
cassação e pela rejeição das ações nas quais o PT, o PL e o Ministério Público
Eleitoral (MPE) acusam Moro de abuso de poder econômico pela suposta realização
de gastos irregulares no período de pré-campanha nas eleições de 2022. Em 2021, Moro estava no Podemos e realizou atos de
pré-candidatura à Presidência da República. De acordo com a acusação, houve
"desvantagem ilícita" em favor dos demais concorrentes ao cargo de
senador diante dos "altos investimentos financeiros" realizados antes
de Moro deixar a sigla e se candidatar ao Senado pelo União. Conforme a acusação do Ministério Público, foram gastos
aproximadamente R$ 2 milhões oriundos do Fundo Partidário com o evento de
filiação de Moro ao Podemos e com a contratação de produção de vídeos para
promoção pessoal, além de consultorias eleitorais. O PL apontou supostos gastos
irregulares de R$ 7 milhões. Para o PT, foram R$ 21 milhões. No entendimento de Sade, Moro foi beneficiado
eleitoralmente. Para o magistrado, ao realizar a pré-campanha à Presidência e
depois sair candidato ao Senado, Moro gastou mais que os demais candidatos ao
Senado e provocou desequilíbrio na disputa. “O investigado Sergio Moro assumiu o risco verdadeiro de
começar a gastar como candidato presidencial, expondo-se a ver sua candidatura
impugnada sob a acusação de poder econômico", afirmou. O julgamento prossegue para a tomada dos votos de mais cinco
magistrados. No primeiro dia do julgamento, a defesa de Moro defendeu a
manutenção do mandato e negou irregularidades na pré-campanha.
André Richter/Valéria Aguiar, com foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil
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