02/04/2024
Relator no TRE vota contra a cassação de Sérgio Moro; julgamento será retomado nesta quarta
LONDRINA, PR - O desembargador Luciano Carrasco Falavinha
Souza, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, votou nesta
segunda-feira (1º) contra a cassação do senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz
da Operação Lava jato. Após o voto do relator, a sessão foi suspensa e será
retomada na próxima quarta-feira (3). Faltam os votos de seis juízes. Se for cassado pelo TRE, Moro não deixará o cargo
imediatamente porque a defesa poderá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Caso a eventual cassação seja confirmada pelo TSE, novas eleições serão
convocadas no Paraná para preencher a vaga do senador. Acusação Nesta tarde, o TRE começou o julgamento de duas ações nas
quais o PT e o PL acusam Moro de abuso de poder econômico devido a gastos
irregulares no período de pré-campanha em 2022. Em 2021, Moro estava no Podemos e realizou atos de
pré-candidatura à Presidência da República. De acordo com a acusação, os
concorrentes ao cargo de senador ficaram em desvantagem diante dos "altos
investimentos financeiros" realizados antes de Moro deixar a sigla e
decidir se candidatar ao Senado pelo União. Conforme a acusação do Ministério Público Eleitoral (MPE),
foram gastos aproximadamente R$ 2 milhões oriundos do Fundo Partidário com o
evento de filiação de Moro ao Podemos e com a contratação de produção de vídeos
para promoção pessoal, além de consultorias eleitorais. Ao rejeitar a cassação, o desembargador não considerou os
valores apontados como ilegais pelas partes do processo. Para o magistrado, os
valores são divergentes e não é possível afirmar que foram excessivos. Segundo
ele, os próprios partidos não apontaram os gastos de seus candidatos. O PL apontou supostos gastos irregulares de R$ 7 milhões.
Para o PT, foram R$ 21 milhões. O Ministério Público concluiu que o valor chega
a R$ 2 milhões. Para a defesa de Moro, foram gastos somente R$ 141 mil com o
evento. O relator só considerou gastos totais de R$ 59 mil com a
realização de coletiva de imprensa, produção de vídeos e aluguel de carros para
o lançamento da pré-campanha. “Não há prova alguma, nem mesmo testemunhal, dando conta que
desde o início o objetivo [de Moro] era se candidatar ao Senado. Faz parte do
jogo político acertos e contatos visando determinadas candidaturas que resultam
em outras candidaturas”, afirmou. Falavinha também acrescentou que Moro já era conhecido em
todo o país e não teria como ter mais projeção pela pré-campanha. "Esses
indicativos mostram a grande exposição midiática do investigado. A adoção da
tese de simples soma das despesas para apurar abuso abre via perigosa para o
arbítrio", completou. Defesa Durante a sessão, a defesa de Moro defendeu a manutenção do
mandato e negou irregularidades na pré-campanha. O advogado Gustavo Guedes
afirmou que Moro não se elegeu no Paraná pela suposta pré-campanha “mais
robusta”, conforme acusaram as legendas.
André Richter/Aline Leal – Agência Brasil, com foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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