25/03/2024
Polícia Federal vai apurar hospedagem de Jair Bolsonaro na Embaixada da Hungria
BRASÍLIA, DF - A Polícia Federal vai apurar as
circunstâncias da hospedagem do ex-presidente Jair Bolsonaro na Embaixada da
Hungria, em Brasília, entre os dias 12 e 14 de fevereiro, poucos dias após a
deflagração da Operação Tempus Veritatis, que investiga a existência de uma
suposta organização criminosa que teria atuado numa tentativa de golpe de
Estado no Brasil. A informação foi confirmada à Agência Brasil por fontes da
PF. Segundo essas fontes, a polícia vai verificar se Bolsonaro violou alguma
das restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A hospedagem de Bolsonaro na embaixada foi revelada nesta
segunda-feira (25), pelo jornal norte-americano The New York Times. A matéria
do jornal dos Estados Unidos sugere que Bolsonaro, alvo de investigações
criminais, tentou fugir da justiça já que o ex-presidente não pode ser preso em
uma embaixada estrangeira que o acolheu, porque está legalmente fora do alcance
das autoridades nacionais. O The New York Times teve acesso a imagens da câmera de
segurança da embaixada, que mostram que o ex-presidente permaneceu dois dias no
local, acompanhado por seguranças e funcionários do escritório diplomático. O
embaixador Miklós Halmai também aparece acompanhando o presidente no local. A publicação analisou as imagens das câmeras de segurança do
local e imagens de satélite, que mostram que Bolsonaro chegou no dia 12 de
fevereiro à tarde e saiu na tarde do dia 14 de fevereiro. As imagens mostram também que a embaixada estava
praticamente vazia, exceto por alguns diplomatas húngaros que moram no local.
Segundo o jornal, os funcionários estavam de férias porque a estadia de
Bolsonaro foi durante o feriado de carnaval. Segundo a reportagem, no dia 14 de fevereiro, os diplomatas
húngaros contataram os funcionários brasileiros, que deveriam retornar ao
trabalho no dia seguinte, dando a orientação para que ficassem em casa pelo
resto da semana. Defesa A defesa do ex-presidente da República confirmou que ele
passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília “para manter
contatos com autoridades do país amigo”. Em nota, os advogados de Bolsonaro
dizem que ele mantém um bom relacionamento com o premier húngaro, com quem se
encontrou recentemente na posse do presidente Javier Milei, em Buenos Aires. “Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar
[húngara], a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras
autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações.
Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas
se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos
e são, na prática, mais um rol de fake news”, diz a defesa de Bolsonaro. Na tarde de hoje, em São Paulo, durante um evento do PL, o
seu partido, Bolsonaro comentou indiretamente o caso, dizendo que frequenta
embaixadas e conversa com chefes de Estado. "Muitas vezes esses chefes de Estado ligam para mim,
para que eu possa prestar informações precisas do que acontece em nosso Brasil.
Frequento embaixadas também aqui pelo nosso Brasil, converso com os
embaixadores. Não tenho passaporte, está detido, senão estaria com o Tarcísio
[Freitas, governador de São Paulo] juntamente com Ronaldo Caiado [governador de
Goiás] nessa viagem a Israel, um país irmão, um país fantástico em todos os
aspectos. Passaporte O passaporte de Bolsonaro foi apreendido pela Polícia
Federal durante a Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF no dia 8 de
fevereiro, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes. A operação foi deflagrada após o tenente-coronel Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ter fechado acordo de colaboração premiada
com investigadores da PF. Autonomia O ministro da Secretaria de Relações Institucionais da
Presidência da República, Alexandre Padilha, comentou, em entrevista a
jornalistas, nesta segunda-feira, a notícia da hospedagem de Bolsonaro na
embaixada húngara. "Que o Bolsonaro é um fugitivo confesso, é zero
surpresa. Mais uma vez, ele mostrou seus planos de fugir. Fez isso no final do
ano retrasado [2022], depois das eleições, ter fugido para os Estados
Unidos", afirmou. Em seguida, observou que cabe à Justiça analisar se o caso
configura alguma irregularidade e destacou que o governo garante "absoluta
autonomia ao funcionamento institucional da Polícia Federal".
Pedro Rafael Vilela/Sabrina Craide – Agência Brasil, com foto: Reprodução
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