08/03/2024
TSE multa a Jovem Pan e influenciadora digital por ofensas a Janja durante a eleição de 2022
BRASÍLIA, DF - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu
nesta quinta-feira (7), por 6 a 1, multar a influenciadora digital Pietra
Bertolazzi, que foi comentarista da rádio Jovem Pan durante as eleições de
2022, em R$ 30 mil por disseminar informações falsas sobre a primeira-dama
Janja da Silva. Os ministros julgaram uma representação apresentada pela
coligação Brasil da Esperança, do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva,
marido de Janja. Segundo a representação contra a comentarista, durante a
campanha eleitoral ela comparou a hoje primeira-dama a Michele Bolsonaro,
esposa do adversário Jair Bolsonaro. “Enquanto você tem ali a Janja abraçando o [sic] Pablo
Vittar e fumando maconha, fazendo sei lá o quê, você tem uma mulher impecável
representando a direita, os valores, a bondade, a beleza (…): Michelle
[Bolsonaro]”, disse Bertolazzi. Em sequência, a comentarista disse que, em evento de
campanha organizado por Janja, havia somente “um monte de artista maconhista
[sic] que não sabe pra onde vai, da onde vem, com uma ânsia enorme por brilho
falso e dinheiro falso, todos querendo abraçar a Janja, porque é esse tipo de
valor que ela demonstra, ao contrário da Michele.” Para a maioria dos ministros do TSE, as declarações foram
destinadas a influir no processo eleitoral, visando atingir o candidato Lula,
mesmo que indiretamente, motivo pelo qual cabe punição imposta pela Justiça
Eleitoral. “Acusar uma pessoa de ser maconheira não é algo que pode ser
tido como uma crítica relevante”, disse o ministro Floriano de Azevedo Marques,
cujo voto prevaleceu no julgamento. “Nenhuma dúvida que aqui se trata de
conteúdo eleitoral”, afirmou a ministra Cármen Lúcia. Vice-presidente do TSE, Cármen Lúcia destacou ainda o tom
sexista da fala. "O discurso de ódio é diferente entre homens e mulheres.
Contra os homens, é de uma natureza. Contra a mulher, é sexista, de costumes,
extremamente violento, desqualificando para atingir a família”, disse. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, também
votou pela condenação. “Não resta nenhuma dúvida de que era uma campanha
negativa descarada. Ao ofender a mulher do então candidato Lula, hoje
primeira-dama, a ofensa realizada partia das ideias de uma pauta de costumes
exatamente para colocar a preferência sobre um candidato”, disse ele. Os ministros Nunes Marques, Raul Araújo e André Ramos
Tavares também votaram em favor da condenação. Ficou vencida a ministra Isabel
Galotti, para quem as ofensas não tiveram gravidade suficiente para afetar o
pleito eleitoral. A Agência Brasil tenta contato com a influenciadora Pietra
Bertolazzi para comentar o caso.
Felipe Pontes/Juliana Andrade – Agência Brasil
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