28/02/2024
Haddad quer união internacional para cobrar impostos dos super-ricos: “sua justa contribuição”
BRASÍLIA, DF - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
propôs nesta quarta-feira (28) que os países de todo o mundo se unam para taxar
as grandes fortunas. “Precisamos fazer com que os bilionários do mundo paguem a
sua justa contribuição em impostos. Além de buscar avançar as negociações em
andamento na OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] e
ONU [Organização das Nações Unidas], acreditamos que uma tributação mínima
global sobre a riqueza poderá constituir um terceiro pilar da cooperação tributária
internacional”, defendeu. Haddad abriu a 1ª Reunião de Ministros de Finanças e
Presidentes de Bancos Centrais da Trilha de Finanças do G20. O ministro, que
deveria presidir os trabalhos, fez seu discurso por transmissão de vídeo. No
fim de semana, ele foi diagnosticado com covid-19. Desigualdade O enfrentamento à desigualdade e às mudanças climáticas
foram apontados por Haddad como os principais desafios a serem enfrentados de
forma conjunta pelos países que compõem o grupo das 20 maiores economias do
planeta. “Precisamos entender a mudança climática e a pobreza como desafios
verdadeiramente globais, a serem enfrentados por meio de uma nova globalização
socioambiental”, enfatizou. Para o ministro, a desigualdade social deve estar no centro
das análises e dos planejamentos econômicos. “Acreditamos que a desigualdade
não deve ser apenas tratada como uma preocupação social, um mero corolário da
política econômica. A nossa política é centrar a desigualdade como uma variável
fundamental para análise de políticas econômicas. Queremos desenvolver as
ferramentas analíticas mais adequadas para isso”, disse. O abismo que separa os super-ricos das populações mais
pobres está relacionado, segundo o ministro, também à questão climática.
“Chegamos a uma situação insustentável em que o 1% mais rico detém 43% dos
ativos financeiros mundiais e emitem a mesma quantidade de carbono que os dois
terços mais pobres da humanidade”. Nesse contexto, Haddad vê os países menos desenvolvidos
economicamente mais prejudicados pelos prejuízos causados pelas mudanças no
clima mundial. “A crise climática ganhou força, tornando-se uma verdadeira
emergência. Países mais pobres devem arcar com custos ambientais e econômicos
crescentes, ao mesmo tempo que veem suas exportações ameaçadas por uma
crescente onda protecionista”, ressaltou. O ministro pediu que seja feito um novo entendimento sobre
globalização e cooperação internacional, diferente do que ocorreu nas décadas
anteriores e vem sendo rejeitado por diversas populações em todo o mundo. “A
atual reação à globalização pode ser atribuída ao tipo específico de
globalização que prevaleceu até a crise financeira de 2008. Até então, a
integração econômica global se confundiu com a liberalização de mercados, a
flexibilização das leis trabalhistas, desregulamentação financeira e a livre
circulação de capitais. As crises financeiras resultantes causaram grandes
perdas socioeconômicas”.
Daniel Mello/Fernando Fraga, com foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil
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