21/02/2024
Na cúpula do G-20, ministro do governo Lula critica inércia da ONU para resolver conflitos armados
RIO DE JANEIRO, RJ - A primeira reunião de ministros das
relações exteriores do G20 começou agora há pouco na Marina da Glória, no Rio
de Janeiro. No discurso inaugural, o chanceler Mauro Vieira disse que é
inaceitável a paralisia do Conselho de Segurança da Organização das Nações
Unidas (ONU) diante do número recorde de conflitos no mundo, que ele estimou em
mais de 170. "As instituições multilaterais não estão devidamente
equipadas para lidar com os desafios atuais, como demonstrado pela inaceitável
paralisia do Conselho de Segurança em relação aos conflitos em curso. Esse
estado de inação implica diretamente perdas de vidas inocentes. O Brasil não
aceita um mundo em que as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar.
Uma parcela muito significativa do mundo fez uma opção pela paz e não aceita
ser envolvida em conflitos impulsionados por nações estrangeiras. O Brasil
rejeita a busca de hegemonias, antigas ou novas. Não é do nosso interesse viver
em um mundo fraturado", disse o ministro. Mauro Vieira também criticou o volume de gastos militares
atuais, em detrimento dos investimentos em desenvolvimento social e meio
ambiente. "Não é minimamente razoável que o mundo ultrapasse - e
muito – a marca de US$ 2 trilhões em gastos militares a cada ano. A título de
comparação, os programas de ajuda da Assistência Oficial ao Desenvolvimento
permanecem estagnados em torno de US$ 60 bilhões por ano – menos de 3% dos
gastos militares." Segundo o chanceler, os desembolsos para combater mudanças
climáticas, sob o amparo do Acordo de Paris, mal conseguem alcançar os
compromissos de US$ 100 bilhões por ano, portanto menos de 5% dos gastos
militares. "Se a desigualdade e mudanças climáticas de fato
constituem ameaças existenciais, não consigo evitar a sensação de que nos
faltam ações concretas sobre tais questões", disse. Como deixou claro no discurso de abertura, o Brasil pretende
priorizar questões sociais durante a presidência do G20, que vai até o dia 30
de novembro de 2024, o que incluiu o combate à fome no mundo. "Gostaria de fazer um apelo a todos vocês para que
prestem especial atenção e deem apoio às discussões em curso com o objetivo de
lançar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma prioridade-chave de
nossa presidência no G20. Meu país gostaria de contar com o apoio de todos os
membros, países convidados e organizações internacionais para que, na Cúpula de
Líderes do Rio de Janeiro, em novembro próximo, as vinte maiores economias do
mundo possam anunciar uma contribuição efetiva para erradicar a fome no
mundo", disse o ministro.
Rafael Cardoso/Maria Claudia, com foto: Lula Marqes – Agência Brasil
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