19/02/2024
Moraes desmente Bolsonaro e nega pedido para adiar seu depoimento à Polícia Federal
BRASÍLIA, DF - O ministro do Supremo Tribunal Federal
Alexandre de Moraes negou pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para
adiar seu depoimento à Polícia Federal (PF) no caso que apura uma suposta
organização criminosa para elaborar um golpe de Estado. Segundo Moraes, o investigado não tem razão ao afirmar que
não lhe foi garantido o acesso integral a todas as diligências e provas
juntadas aos autos, “bem como, não lhe compete escolher a data e horário de seu
interrogatório”. Bolsonaro foi intimado a comparecer à PF na próxima
quinta-feira (22) para prestar esclarecimentos sobre a suposta trama golpista.
Mais cedo, os advogados do ex-presidente pediram o adiamento do depoimento,
afirmando que ele “opta, por enquanto, pelo uso do silêncio”. Segundo a defesa,
o ex-presidente somente deverá prestar depoimento quando tiver acesso integral
às provas no processo. Em sua decisão, Moraes diz que não há qualquer impedimento
para a manutenção da data agendada para o interrogatório, uma vez que os
advogados do investigado tiveram integral acesso aos autos. O ministro também afirma que, embora a Constituição Federal
consagra o direito ao silêncio e o privilégio contra a autoincriminação, não é
permitido ao investigado ou réu se recusar a participar de atos procedimentais
ou processuais futuros, que poderão ser estabelecidos legalmente dentro do
devido processo legal. "Dessa maneira, será o investigado quem escolherá o
‘direito de falar no momento adequado’ ou o ‘direito ao silêncio parcial ou
total; mas não é o investigado que decidirá prévia e genericamente pela
possibilidade ou não da realização de atos procedimentais ou processuais,
durante a investigação criminal ou a instrução processual penal", aponta
Moraes. Bolsonaro é um dos alvos na Operação Tempus Veritatis,
deflagrada há quase duas semanas pela PF. Ele teve o passaporte apreendido e
foi proibido de se comunicar com os demais investigados. Segundo a PF, o grupo investigado é suspeito de tentar
“viabilizar e legitimar uma intervenção militar” no Brasil.
Sabrina Craide/Denise Griesinger – Agência Brasil, com foto: Carolina Antunes/PR
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