12/01/2021
Justiça nega pedido de adiamento do Enem 2020 e mantém datas em 17 e 24 de janeiro
A Justiça Federal negou o pedido de adiamento do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) e manteve a data das provas nos dias 17 e 24 de
janeiro. O pedido havia sido feito pela Defensoria Pública da União (DPU) e o
Ministério Público Federal (MPF). Entidades estudantis fazem pressão pela
alteração na data das provas, que ocorrem em meio à segunda onda da pandemia no
Brasil. A DPU informou que vai recorrer da decisão. Na decisão, a juíza Marisa Cucio, da 12.ª Vara Cível Federal
de São Paulo, afirmou entender que as medidas adotadas pelo Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo exame, "são
adequadas para viabilizar a realização das provas nas datas previstas, sem
deixar de confiar na responsabilidade do cuidado individual de cada
participante e nas autoridades sanitárias locais que definirão a necessidade de
restrição de circulação de pessoas, caso necessário". A juíza destaca ainda que há "informações
suficientes" sobre as medidas de biossegurança para a realização da prova,
como a obrigatoriedade do uso de máscara pelos candidatos e aplicadores, a
possibilidade de reaplicação para inscritos com sintomas da covid-19 e a orientação
para que candidatos que pertencem ao grupo de risco façam a prova em salas
menores. Na decisão, a juíza aponta que a pandemia tem efeitos
diferentes no território nacional, podendo ser mais ou menos grave em algumas
cidades. "As peculiaridades regionais ou municipais devem ser analisadas
caso a caso, cabendo a decisão às autoridades sanitárias locais, que podem e
devem interferir na aplicação das provas do Enem se nessas localizações
específicas sua realização implicar em um risco efetivo de aumento de casos da
covid-19", escreveu. Segundo a magistrada, caso o risco maior de contágio em
determinado município justifique um lockdown que impeça a realização das provas
"ficará o Inep obrigado à reaplicação do exame diante da situação
específica". O Estado do Amazonas e o município de Belo Horizonte, por
exemplo, fecharam o comércio nos últimos dias para reduzir a transmissão da
covid-19 - nessas localidades, é alta a taxa de ocupação de leitos. A decisão cita ainda a realização, nos últimos dias, dos
vestibulares da Fuvest e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sem
que houvesse pedido de adiamento por parte da Defensoria Pública ou das
entidades estudantis. O Estadão acompanhou a aplicação das provas e registrou
aglomerações nos portões de entrada e na saída dos estudantes. Especialistas em Saúde ouvidos pelo Estadão disseram que a
realização da prova neste momento pode agravar o quadro da pandemia no Brasil e
oferece risco aos alunos. Inicialmente marcado para novembro, o Enem foi adiado para
janeiro por causa da pandemia. Na época, o Ministério da Educação (MEC) fez uma
enquete com os estudantes, que indicaram preferência pelo adiamento para o mês
de maio de 2021. Apesar dessa indicação, a prova foi marcada para janeiro sob o
argumento de não atrasar o calendário das universidades. Nesta terça-feira, 12, o ministro da Educação, Milton
Ribeiro, disse que uma "minoria barulhenta" quer um novo adiamento do
exame. A declaração ocorreu no dia seguinte à morte do general da reserva
Carlos Roberto Pinto de Souza, chefe da diretoria do Inep e responsável pela
elaboração do Enem.
"Não vamos adiar o Enem. Primeiro porque tomamos todos
os cuidados de biossegurança possíveis. Queremos dar tranquilidade para você
que vai fazer a prova, assim como aconteceu no (último) domingo, em menor
proporção, claro, no exame da Fuvest”, disse o ministro. Ribeiro citou um
trecho da Bíblia e afirmou que “a esperança que se adia adoece o coração” e que
o governo não pode fazer isso com as expectativas dos estudantes. Estadão
|