09/02/2024

Auxiliares próximos de Bolsonaro buscaram mas não encontraram provas de fraude nas urnas eletrônicas



BRASÍLIA, DF - Trocas de mensagens interceptadas pela Polícia Federal (PF) mostram o ex-ajudante de ordem do presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, admitindo que não há provas sobre fraudes nas urnas eletrônicas. 

Na manhã desta quinta-feira (8), a Polícia Federal deflagrou a operação que tem entre os alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros do governo dele e militares das Forças Armadas que, segundo as investigações, teriam participado da elaboração de um golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder. 

Informações falsas sobre as urnas são sistematicamente espalhadas por aliados do ex-presidente. Mas autoridades nacionais e internacionais já atestaram que não há fraude. 

Bolsonaro já foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à inelegibilidade e não poderá disputar eleições até 2030. Os ministros do tribunal entenderam que ele cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao espalhar informações falsas sobre o sistema eleitoral em uma reunião com embaixadores. 

A troca de mensagens em que Cid admite que não há provas contra as urnas foi feita com o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, em 3 de novembro de 2022. Cid respondeu a mensagens encaminhadas por Lima contestando a segurança das urnas. 

Em resposta, Cid afirma que os questionamentos encaminhados por Lima já tinham sido analisados e que era "difícil tirar alguma coisa" das denúncias. 

"A gente analisa tudo, vai falar, leva pro MD [Ministério da Defesa], traz o especialista e não tem prova nenhuma", afirmou Cid. 

"Não tem nada! Pra esse segundo turno fez muito mais que isso e... não teve nada, não teve nada!", completou. 

Em um segundo áudio em resposta a Lima, Cid continua dizendo que não existem provas para dizer que as urnas eletrônicas são fraudadadas. 

"Está difícil tirar alguma coisa. Está difícil ter alguma prova. Está difícil encontrar algo que você consiga ter substância", argumenta. 

Em seguida, Lima questiona se Cid está "jogando a toalha" e aumenta o tom dizendo que Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara, também ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, são forças especiais do Exército, "mas não são técnicos em TI". 

"E vou dizer, 99,9% das coisas até agora você consegue refutar", conclui Cid sobre as denúncias. 

'Infiltrado em tudo quanto é lugar' 

O ex-ajudante de ordem ainda afirma que à época o governo Bolsonaro tinha "infiltrado em tudo quanto é lugar monitorando e passando pra gente informações" e que mesmo assim não foi possível confirmar as denúncias de fraude. 

Cid termina dizendo que ele é "um dos mais interessados" em encontrar a "bala de prata" que seria capaz de apontar possíveis fraudes nas urnas eletrônicas e que havia um esforço coletivo para tentar encontrar alguma falha. 

"Cara pode ficar tranquilo. Eu sou dos mais interessados de encontrar alguma coisa. É bala de prata pra poder tocar à frente. O presidente também. E por isso a gente está ouvindo todo mundo", finalizou. 

Em seguida, Lima responde: "O povo está onde ele pediu. Ele prometeu, Cid". 

g1, com foto: Lula Marques/Agência Brasil

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