30/01/2024
Carlos Bolsonaro usava assessores para obter informações da Abin sobre inquéritos contra a família, diz PF
BRASÍLIA, DF - A Polícia Federal (PF) investiga se o
vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) usava assessores para solicitar
informações de forma ilegal por meio da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin). A suspeita está no relatório de investigação que baseou a operação
desta segunda-feira (29) contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em uma das mensagens obtidas pelos investigadores, Luciana
Almeida, apontada como assessora de Carlos Bolsonaro, entra em contato com
Priscila Pereira e Silva, identificada como assessora do ex-diretor da Abin
Alexandre Ramagem, para solicitar "ajuda " da "Abin
paralela". De acordo com a mensagem de WhatsApp, que faz parte do
inquérito, a solicitação envolvia dados sobre as investigações contra Jair
Bolsonaro e seus filhos. “Bom diaaaa. Tudo bem? Estou precisando muito de uma ajuda.
Delegada PF. Dra. Isabela Muniz Ferreira – Delegacia da PF Inquéritos Especiais
Inquéritos: 73.630 / 73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos). Escrivão: Henry Basílio Moura", diz a
mensagem. Após avaliar o material apreendido, a PF passou a suspeitar
que os contatos entre Carlos Bolsonaro e Ramagem eram feitos por meio de seus
assessores. "Destaca-se que conforme se depreende da IPJ
183071/2024 que a comunicação entre os investigados del. Alexandre Ramagem e
Carlos Bolsonaro se dá precipuamente por meio de seus respectivos assessores”,
diz a PF no relatório. Na decisão na qual autorizou as buscas e apreensões contra
Carlos Bolsonaro e os demais envolvidos na investigação, o ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), argumenta que as provas obtidas
até o momento demonstram a existência de uma "organização criminosa"
para realizar ações clandestinas na Abin. "Os elementos de prova colhidos até o momento indicam,
de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na Abin também
se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas
direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras, bem
como para fiscalizar indevidamente o andamento de investigações em face de
aliados políticos", escreveu Moraes. Na quinta-feira (21), o ministro também autorizou buscas
contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin
durante o governo de Jair Bolsonaro. De acordo com o processo, Ramagem, policiais e delegados da
PF que estavam cedidos para a Abin, além de servidores do órgão, teriam
participado de uma organização criminosa para monitorar ilegalmente autoridades
públicas. O caso é conhecido como "Abin paralela". Defesa A Agência Brasil busca contato com a defesa de Carlos
Bolsonaro. Pelas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro,
irmão do vereador, classificou a operação como "ato ilegal, além de
"imoral". "Esse estado de coisas não pode permanecer, não pode
uma ordem judicial ter uma ampliação dessa forma. Isso é ato ilegal, além de
imoral", declarou.
André Richter/Fernando Fraga – Agência Brasil, com foto: Renan Olaz/CMRJ
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