13/01/2024
Estudo aponta que 17 mil pessoas morreram por terem tratado covid-19 usando cloroquina
BRASÍLIA, DF - O uso, sem previsão na bula (off label), de
hidroxicloroquina para tratar pacientes hospitalizados com covid-19 na primeira
onda da pandemia pode estar relacionado a cerca de 17 mil mortes em seis
países: Bélgica, França, Itália, Espanha, Estados Unidos e Turquia. A maior
parte das mortes estimadas, cerca de 7,5 mil, foi nos Estados Unidos. A estimativa foi feita por pesquisadores da França e do
Canadá em um estudo que reúne dados coletados com diferentes metodologias, e
teve as conclusões publicadas com ressalvas neste ano no periódico científico
Biomedicine & Pharmacotherapy. Os cientistas estimaram ainda que o uso do medicamento pode
ser associado a um aumento de 11% na taxa de mortalidade de pacientes
hospitalizados. Limitações Os autores afirmam que, apesar das limitações do estudo e de
suas imprecisões, ele ilustra o perigo de, no manejo de futuras emergências,
mudar a recomendação de um medicamento com base em evidências fracas. O número
de mortes estimado, de 16.990, pode estar tanto sub como superestimado, mas
certamente seria muito maior se houvesse dados disponíveis para mais países,
ponderam. "Esse estudo ilustra as limitações de extrapolar
tratamentos de condições crônicas para condições agudas sem dados precisos, e a
necessidade de produzir rapidamente evidência de alto nível em testes clínicos
randomizados para doenças emergentes", diz o artigo. Originalmente, a hidroxicloroquina é indicada para o
tratamento de doenças como malária, lúpus e artrite, mas, durante a pandemia de
covid-19, seu uso foi defendido por autoridades políticas, como ex-presidente
Jair Bolsonaro, mesmo depois de evidências científicas mostrarem ineficácia e
riscos. Já nos primeiros meses da pandemia, a Organização Mundial da
Saúde suspendeu os testes para tratamento da covid-19 com a hidroxicloroquina,
para preservar a segurança dos pacientes e por reconhecer sua ineficácia. O estudo publicado neste ano pelos pesquisadores franceses e
canadenses reforça que o uso prolongado do medicamento aumenta o risco de
problemas cardiovasculares. Os pesquisadores ainda citam um estudo de colegas
brasileiros que relaciona a hidroxicloroquina a efeitos colaterais no coração e
no fígado.
Vinícius Lisboa/Aline Leal – Agência Brasil, com foto: Ilustração/Pixabay
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