11/01/2024
Com a ida de Flávio Dino para o STF, Ricardo Lewandowski será o novo ministro da Justiça
BRASÍLIA, DF - O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Ricardo Lewandowski assumirá o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (11) pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em pronunciamento no Palácio do Planalto. Lewandowski ocupará a vaga deixada por Flávio Dino, indicado
de Lula ao STF para o lugar da ex-ministra Rosa Weber, que se aposentou
compulsoriamente da Corte, ao completar 75 anos de idade, em outubro do ano
passado. Para Lula, as duas indicações, uma na Suprema Corte e a
outra na pasta da Justiça coroam seu primeiro ano de mandato. “Hoje é um dia
muito feliz para mim. Feliz porque eu estou diante de um companheiro [Flávio
Dino] que está prestando serviço extraordinário ao país, à Justiça brasileira,
e que, acertadament,e o Congresso homologou para que seja a partir de 22 de
fevereiro o novo ministro do STF”, disse Lula. “E feliz porque tenho do meu lado esquerdo um companheiro
[Ricardo Lewandowski] que foi extraordinário ministro da Suprema Corte e que
deixa uma cadeira vazia que vai ser ocupada por Flávio Dino, não a mesma dele,
mas a da Suprema Corte. E ele vai ocupar a cadeira do Flávio Dino”, acrescentou
o presidente. Por questões particulares, a nomeação do novo ministro da
Justiça ocorrerá em 19 de janeiro e a posse está marcada para 1º de fevereiro.
Até lá, Dino continua no cargo no Executivo, depois, assume a vaga no Senado
até a posse no Judiciário, que será em 22 de fevereiro. “Feliz em ser sucedido pelo ministro Ricardo Lewandowski, um
professor pelo qual tenho estima e admiração. Desejo sorte e sucesso. Teremos
20 dias de transição, ao longo dos quais eu e a minha equipe ajudaremos ao
máximo aqueles que vierem a ser escolhidos para continuar com as tarefas que
hoje conduzimos”, escreveu Flávio Dino em publicação nas redes sociais. Novo ministério Segundo o presidente Lula, Lewandowski terá liberdade para
montar o ministério, mas afirmou que dará o aval final para as novas nomeações. “Qualquer ministro meu é indicado, eu indico por uma relação
de confiança, eu digo ‘monta seu governo, quando você estiver com o governo
montado, você me procure que eu vou ver se tenho coisas contrárias a alguém ou
tenho alguma indicação para fazer. Normalmente, tenho por hábito cultural não
indicar ninguém em nenhum ministério, eu quero que as pessoas montem o time com
que vão jogar”, disse o presidente. “[Em 1º de fevereiro] ele já vai ter uma
equipe montada, vai conversar comigo e ainda vamos discutir quem fica, quem
sai, quem entra, quais são as novidades”, acrescentou. Mesmo antes das conversas, o secretário executivo adjunto do
Ministério da Justiça, Diego Galdino, teve sua exoneração publicada no Diário
Oficial da União. Já o secretário executivo da pasta, Ricardo Capelli, afirmou,
em publicação nas redes sociais, que não pediu demissão. “Vou sair de férias
com a minha família e voltar para colaborar com a transição no Ministério da
Justiça e Segurança Pública. União e eeconstrução”, escreveu. Lula contou que conheceu Lewandowski com 28 anos de idade,
quando este trabalhava na prefeitura de São Bernardo do Campo. “E tive a honra
de ser o presidente da República que indicou o nome dele para o Senado [para
ser ministro do STF], ele foi aprovado de forma extraordinária, com muitos
elogios por muita gente do Senado de direita, de esquerda, de centro. O mesmo
aconteceu com o Flávio Dino", lembrou. Após indicação do presidente, o nome é sabatinado na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e precisa ser aprovado pelo colegiado
e pelo plenário da Casa. Político no STF Para Lula, a aprovação de Dino realiza um sonho seu, de que
a Suprema Corte deveria ter um ministro “com a cabeça política, que tivesse
vivenciado a política”. “Não que o que está lá não tenha, mas ninguém que está
lá tem a experiência política que tem o Flávio Dino, a experiência de deputado,
a experiência de perder eleição, de ganhar eleição, de ser deputado federal,
depois ser eleito governador duas vezes, de senador. Essa é uma experiência que
nós não temos nenhuma prática”, destacou. O mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Flávio Dino, herdará acervo de 344 processos ao assumir o cargo. Entre os
processos que receberá estão apurações sobre a atuação do governo do
ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia de covid-19 e sobre a
legalidade dos indultos natalinos assinados durante a gestão do ex-presidente. Carreira Lewandowski deixou o cargo de ministro do STF em 11 de abril
de 2023, após ter antecipado em um mês sua aposentadoria. Ele completou 75 anos
em 11 de maio passado, data em que seria aposentado compulsoriamente. Indicado à Suprema Corte em 2006 pelo próprio Lula, sua
passagem ficou marcada pelo chamado garantismo, corrente que tende a dar maior
peso aos direitos e garantias dos réus em processos. Presidiu o STF e o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entre 2014 e 2016, quando conduziu o
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele foi também presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) entre 2010 e 2012. No cargo, esteve à frente da aplicação da Lei da Ficha
Limpa, que havia sido aprovada em 2010. Com a saída do Supremo, Lewandowski voltou a advogar e focar
na carreira acadêmica. Nascido no Rio de Janeiro, o ex-ministro é formado pela
Universidade de São Paulo (USP), mesma instituição pela qual se tornou mestre e
doutor e na qual leciona desde 1978. Para o lugar de Lewandowski, Lula indicou o advogado
Cristiano Zanin.
Andreia Verdélio/Graça Adjuto, com foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil
|