31/12/2023
Governo envia ao Congresso projeto para modernizar parque industrial brasileiro
BRASÍLIA, DF - O governo federal enviou ao Congresso
Nacional um projeto de lei (PL) que prevê incentivos fiscais para modernização
do parque industrial brasileiro. Na primeira fase, em 2024, serão destinados R$
3,4 bilhões para o programa. A mensagem ao parlamento foi publicada em edição
extra do Diário Oficial da União desse sábado (30). Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o programa visa aumentar a
eficiência das indústrias do país e também atrair investimentos. “[De um lado]
renovar o parque industrial e de outro lado estimular investimento. Eu vou
estimular trocar máquinas e equipamentos, estimular fábricas. Então vem ao
encontro desses dois objetivos, aumentar investimento e aumentar a
produtividade”, disse em conversa com a imprensa neste domingo (31). Conforme o governo, a medida pode contribuir para aumentar o
fluxo de caixa das empresas e a chamada Formação Bruta de Capital Fixo – que
mede a capacidade produtiva futura com a aquisição de maquinário. Além disso, a
expectativa é aumentar a taxa de investimentos no setor em relação ao Produto
Interno Bruto (PIB - soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um
país). “Essa taxa está hoje em torno de 18%, desempenho considerado
insuficiente para alavancar o crescimento sustentável e de longo prazo da
economia brasileira”, explicou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços, em comunicado. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra
que as máquinas e equipamentos usados pela indústria brasileira têm, em média,
14 anos de idade, sendo que 38% deles estão próximos ou já ultrapassaram o
ciclo de vida ideal. Segundo a entidade, isso afeta a competitividade das
empresas e exigem maiores custos de manutenção e gerenciamento dos
equipamentos. “Nós precisamos agir nas causas dos problemas e não só nos
efeitos para poder ter o crescimento econômico mais forte e sustentável. O
nosso problema é baixo investimento e baixa produtividade. Então, nós
precisamos agir para aumentar investimento e aumentar a produtividade. É a
chamada neoindustrialização, uma nova indústria com inovação e verde,
sustentável”, disse Alckmin. Segundo o vice-presidente, a maioria dos setores industriais
será beneficiada com a medida. Eles serão definidos após a tramitação do PL no
Congresso, por meio de decreto presidencial. Além disso, uma segunda fase
poderá ser lançada de acordo com as disponibilidades orçamentárias. Pelo projeto, o governo fica autorizado a utilizar o
instrumento da depreciação acelerada para estimular setores econômicos a
investirem em máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos. A medida
valerá para as aquisições feitas de 1º de janeiro até 31 de dezembro de 2024. A depreciação acelerada é um mecanismo que funciona como
antecipação de receita para as empresas. Quando um bem de capital é adquirido,
a indústria pode abater seu valor nas declarações futuras de Imposto de Renda
de Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
(CSLL). Em condições normais, esse abatimento é gradual, feito em
até 25 anos, conforme o bem vai se depreciando. Segundo o governo, com a
depreciação prevista no PL, o abatimento das máquinas adquiridas em 2024 poderá
ser feito em apenas duas etapas: 50% no primeiro ano e 50% no segundo. Compensação Em comunicado, o governo ressaltou que não se trata de
isenção tributária, mas de uma antecipação no abatimento a que o empresário tem
direito. Ainda assim, as regras fiscais exigem que se defina fontes de recursos
orçamentários para aplicação do benefício. A fonte será a recomposição tarifária da importação de
painéis solares e aerogeradores. Em 12 de dezembro, a Câmara de Comércio
Exterior (Camex) restabeleceu a tributação para células fotovoltaicas e
equipamentos de energia eólica comprados no exterior. No caso da energia solar, a Camex decidiu pelo fim da
redução da tarifa de importação dos painéis montados, já que existe produção
similar no Brasil, e pela revogação de 324 ex-tarifários desse mesmo produto
que tinham redução a zero da tarifa. Assim, a compra dos módulos no exterior voltará a recolher
imposto de importação pela Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, que será de
10,8% a partir de 1º de janeiro de 2024. Para os ex-tarifários revogados, a
medida começa a valer dentro de 60 dias.
Para que o mercado tenha tempo de se adaptar às novas
regras, o comitê gestor da Camex estabeleceu também cotas de importação a 0%,
em valores decrescentes até 2027. As cotas serão de: US$ 1,13 bilhão entre
janeiro e junho de 2024; US$ 1,01 bilhão entre julho de 2024 e junho de 2025;
US$ 717 milhões entre julho de 2025 e junho de 2026; e US$ 403 milhões entre
julho de 2026 e junho de 2027. Andreia Verdélio/Aécio Amado, com foto: José Cruz – Agência Brasil
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