15/12/2023
Médico é preso acusado de matar intencionalmente três pacientes; defesa alega "erro médico"
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP - O médico João Batista do Couto
Neto, de 47 anos, foi preso na tarde desta quinta-feira (14), enquanto atendia
no Hospital Municipal de Caçapava, município vizinho de São José dos Campos. O
nome do profissional constava na lista de procurados pela Justiça do Rio Grande
do Sul, por homicídio doloso qualificado de três pacientes, quando há intenção
de matar, pelo que foi indiciado no final de novembro. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, as
autoridades policiais receberam informações de que o médico estaria hospedado
em um hotel da cidade e trabalhando na região. A polícia já tinha um mandado de
prisão preventiva contra ele, expedido pela Vara do Júri da Comarca de Novo
Hamburgo, no Rio Grande do Sul, na última terça-feira (12). O delegado responsável pelo caso, Tarcísio Kaltbach,
esclareceu à reportagem que o indiciamento se deu por homicídio doloso
qualificado pelo motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da
vítima, agravado por violação de dever inerente à profissão e praticado contra
contra vítima maior de 60 anos. Ele destacou também que ele pode ser condenado
a uma pena de reclusão que varia entre 12 e 30 anos. O advogado Brunno de Lia Pires, que representa o médico,
disse à Agência Brasil que ele ainda se encontra detido em Caçapava. A defesa
acrescentou ainda que os crimes imputados ao médico decorreram de
"supostos erros médicos". O advogado ressaltou que recebeu "com surpresa" a
notícia da decretação da prisão preventiva do médico e que a decisão "não
se reveste de qualquer fundamento fático ou jurídico e constitui clara
antecipação de pena, com a finalidade de coagir e constranger o médico".
"Importante salientar que ele jamais descumpriu qualquer medida cautelar e
não representa nenhum risco à sociedade. Impetraremos ordem de habeas corpus o
mais breve possível para fazer cessar a absurda e imotivada prisão",
finalizou. Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do
Sul (Cremers) disse à reportagem que João Batista do Couto Neto obteve o
registro junto ao órgão, para exercer sua profissão no estado, em dezembro de
2000. No informe encaminhado, a entidade afirma que "tomou as medidas
legais cabíveis e instaurou os procedimentos ético-profissionais, de acordo com
o Código de Processo Ético-Profissional (Resolução CFM 2306/2022)".
"Além disso, o Cremers acompanha o caso junto à Justiça do Rio Grande do
Sul".
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp)
acrescentou, em nota, que o médico tem registro principal e ativo no Cremers e
que terá a conduta apurada em São Paulo, caso a entidade receba denúncias.
"Embora ele possua registro secundário no Estado de São Paulo, segundo a
Resolução do Conselho Federal de Medicina, como todas as acusações são fora do
nosso estado, cabe às autoridades e ao Conselho do Rio Grande do Sul apurar os
fatos", informou. Letycia Bond/Maria Claudia – Agência Brasil, com foto: Divulgação/Polícia Civil
|