14/12/2023
MPE do Paraná pede cassação do mandato de Sérgio Moro, acusado de abuso de poder econômico
CURITIBA, PR - A Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná
emitiu parecer favorável à cassação do mandato do senador Sergio Moro (União
Brasil) e inelegibilidade do ex-juiz, nesta quinta-feira (14). O órgão entendeu
que houve prática de abuso de poder econômico durante a pré-campanha eleitoral
de 2022. A chapa de Moro foi acusada em duas Ações de Investigação
Judicial Eleitoral (AIJEs) de caixa dois, utilização indevida de meios de
comunicação social, além de abuso de poder econômico. Moro prestou depoimento no Tribunal Regional Eleitoral do
Paraná no dia 7 de dezembro. No mesmo dia, o senador criticou as duas ações da
qual é alvo e afirmou que as acusações são "levianas". No parecer publicado pela Procuradoria Regional Eleitoral do
Paraná nesta quinta-feira, os procuradores Marcelo Godoy e Eloisa Helena
Machado descartaram as acusações de uso indevido de comunicação social e de
caixa dois. No entanto, os procuradores entenderam que houve abuso de
poder econômico devido ao gasto de pelo menos R$ 2 milhões durante a
pré-campanha, feito com investimentos conjuntos do Podemos e do União Brasil. O relatório aponta que o total gasto na pré-campanha de Moro
representa 110% da média dos investimentos realizados por todos os candidatos
ao Senado no Paraná durante a campanha eleitoral. "Este contexto demonstra que os meios empregados para a
realização de pré-campanha e os valores despendidos nesta empreitada em prol
dos investigados mostrou-se, de fato, desarrazoada, assumindo contornos de uso
excessivo do poderio econômico." Os procuradores também analisaram o fato de que a
pré-campanha de Moro, em um primeiro momento, estava voltada para a corrida
presidencial. O "downgrade" para o Senado não é considerada
ilícito, segundo o documento. No entanto, os procuradores consideram a
pré-campanha "abusiva" pela grande visibilidade gerada pelo alto
investimento para promoção pessoal, em detrimento dos concorrentes do ex-juiz. "A projeção nacional de uma figura pública desempenha
um papel crucial, mesmo em eleição a nível estadual, influenciando diversos
aspectos do processo eleitoral", escreveram. "A lisura e a legitimidade do pleito foram
inegavelmente comprometidas pelo emprego excessivo de recursos financeiros no
período que antecedeu o de campanha eleitoral, porquanto aplicou-se monta que,
por todos os parâmetros objetivos que se possam adotar, excedem em muito os
limites do razoável." Por fim, o parecer recomenda a inelegibilidade de Moro e do
suplente Luís Felipe Cunha, que participou diretamente da pré-campanha do
ex-juiz em eventos e viagens. No caso do suplente Ricardo Guerra, o parecer foi
somente pela cassação da chapa completa. Os procuradores indicaram ainda para a realização de novas
eleições para o Senado, no Paraná, caso a Justiça decida pela cassação
definitiva do mandato de Moro. Agora, os autos seguem para o desembargador relator do caso,
que deve julgar a ação em janeiro. O advogado de Sergio Moro, Gustavo Guedes, afirmou que
respeita, mas discorda do parecer, já que os procuradores consideraram gastos
fora do Paraná e indiferentes eleitorais como despesas de pré-campanha. “A boa notícia é que dos 20 milhões inventados pelo PT; e os
6 milhões criados pelo Podemos, já reduzimos para 2 milhões. Seguiremos
baixando ainda mais a conta no trabalho de convencimento dos juízes do TRE. A
improcedência acontecerá.” Já o advogado Luiz Eduardo Peccinin, que representa o PT na
ação, afirmou que o parecer reconheceu que Moro violou a lei e "trapaceou
para vencer as eleições". "Temos certeza que a Justiça Eleitoral do Paraná não se
furtará a sua história de intransigência com o abuso de poder, cassando e
declarando a inelegibilidade de Sérgio Moro e seu suplente." As ações contra Sergio Moro As ações foram protocoladas pelo Partido Liberal (PL) e pela
Federação Brasil da Esperança - FÉ BRASIL (PT/PCdoB/PV) em novembro e dezembro
de 2022. Uma das ações acusa Sergio Moro de "desequilíbrio
eleitoral causado pela irregular pré-campanha [...] desde o momento da filiação
partidária de Moro com lançamento de pré-candidatura ao cargo de
presidente", até o resultado final que o elegeu senador pelo União Brasil. "Os investigados orquestraram conjunto de ações para
usufruir de estrutura e exposição de pré-campanha presidencial para, num
segundo momento, migrar para uma disputa de menor visibilidade, menor
circunscrição e teto de gastos vinte vezes menor, carregando consigo todas as
vantagens e benefícios acumulados indevidamente", sustenta a ação. A outra ação diz que há indícios de que Moro utilizou de
recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Campanha, além de outras
movimentações financeiras suspeitas, para construção e projeção da própria
imagem enquanto pré-candidato de um cargo eletivo no pleito de 2022.
A ação também diz que há indicativos de que, junto ao
suplente Luis Felipe Cunha, "realizaram triangulação de valores do fundo
partidário e do fundo eleitoral também entre os dois partidos políticos pelo
qual ele foi pré-candidato". g1, com foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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