07/11/2023
CCJ do Senado aprova reforma tributária com mais benefícios e gás de cozinha no cashback
BRASÍLIA, DF - Por 20 votos a 6, a Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nesta terça-feira (7), o texto da reforma
tributária sobre o consumo. Após a votação do texto-base, os senadores passaram
a apreciar os destaques, mas um acordo com o governo fez com que todos fossem
rejeitados. A expectativa é que a proposta de emenda à Constituição vá a
votação no plenário do Senado nesta quarta-feira (8). Horas antes da votação da
CCJ, o relator da reforma tributária, senador Eduardo Braga (MDB-AM) acolheu novos pedidos para incluir exceções
no texto. Entre as mudanças, estão benefícios a clubes de futebol, taxistas e a
ampliação de uma contribuição para a região Centro-Oeste. O relator também
aceitou incluir o gás de cozinha no mecanismo de cashback (devolução de
dinheiro) para a população de baixa renda. Das 777 emendas apresentadas ao relator, 247 foram acatadas.
Entre as mudanças aceitas de última hora, está a emenda do senador Mecias de
Jesus (Republicanos-MA), que estende ao gás de cozinha o cashback. A versão
anterior do parecer tinha incluído a energia elétrica no mecanismo de
ressarcimento de tributos às pessoas mais pobres. Outra mudança está no tratamento diferenciado a clubes de
futebol. Proposta pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ), a emenda mantém o
recolhimento unificado de tributos pelas Sociedades Anônimas do Futebol.
Segundo Braga, esse mecanismo jurídico tem ajudado a recuperar a saúde
financeira dos clubes. O relatório já previa que as atividades esportivas
pagariam alíquota reduzida em 60% da futura Contribuição sobre Bens e Serviços
(CBS) e do futuro Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). O novo parecer incluiu benefícios para taxistas comprarem
veículos. Braga acolheu emenda da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), que manterá
a isenção na compra de automóveis por taxistas e por pessoas com deficiência ou
consideradas dentro do espectro autista. O relatório anterior extinguiria o
benefício, com a unificação de tributos. Braga acatou ainda uma emenda do senador Marcelo Castro
(MDB-PI) para restaurar a alíquota reduzida para atividades de restauração
urbana de zonas históricas. O benefício estava no texto aprovado pela Câmara
dos Deputados, mas havia sido excluído na primeira versão do parecer do
relator. Outros benefícios incluídos no relatório são a alíquota zero
para medicamentos e dispositivos médicos comprados pelo governo e por entidades
de assistência social sem fins lucrativos, de autoria do senador Fabiano
Contarato (PT-ES). Braga também acolheu emendas dos senadores Espiridião Amin
(Progressistas-SC) e Izalci Lucas (PSDB-DF) para zerar a alíquota de IBS,
tributo administrado pelos estados e municípios, para serviços prestados por
instituições científicas, tecnológicas e de inovação sem fins lucrativos. Na
versão anterior, apenas a CBS, tributo federal, teria a alíquota zerada. Contribuição regional Em relação ao Centro-Oeste, Braga atendeu a uma demanda dos
governadores da região para ampliar, até 2043, a contribuição sobre exportações
de grãos, produtos primários e semielaborados, que financiará investimentos
locais em infraestrutura. Na versão anterior do relatório, o benefício seria
cobrado até 2032, quando o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) deixasse de existir. Diante de novas alterações feitas no texto do relatório da
reforma tributária apresentado nesta terça-feira à Comissão de Constituição e
Justiça, o relator da matéria, senador Eduardo Braga (MDB-AM) informou, durante
a leitura do documento, que, se aprovada pelo Senado, pedirá novo estudo do
Ministério da Fazenda sobre os impactos que ela poderá ter, em especial com
relação à alíquota sobre o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) – que
substituirá os cinco tributos que incidem sobre o consumo. Braga chegou à sessão da CCJ otimista de que o relatório
seja aprovado ainda hoje pela comissão, para que seja votada já na quarta-feira
pelo plenário da casa. “Esta é a primeira reforma tributária a ser executada em
regime de democracia neste país”, lembrou o senador. Trava Entre os pontos descritos no relatório, ele destacou a
inclusão de uma trava para limitar a carga tributária no país e a simplificação
de todo o sistema tributário. O teto para a carga tributária havia sido
anunciado no fim de outubro. “Com a trava que estamos oferecendo, garantimos a
neutralidade tributária. Se o PIB [Produto Interno Bruto, que é a soma de todas
riquezas produzidas no país] não cresce, nós não podemos aumentar a carga
tributária. É na realidade uma engenharia reversa da reforma administrativa, de
corte de gasto e de despesa”, explicou o relator. Ele destacou também o possível aumento de 0,5 ponto
percentual previsto por Haddad para o IVA. Segundo Braga, esse aumento teve por
base a análise feita no relatório preliminar apresentado no dia 25 de outubro. “O texto apresentado representa a imensa maioria da vontade
dos senadores, tanto na CCJ quanto no plenário do Senado”, disse o senador ao
comentar as alterações feitas pela relatoria. Ele acrescentou que “temas e
pontos levantados foram amplamente discutidos para encontrarmos um texto que
fosse a média da demanda do colegiado”. Avanços Na avaliação do relator, o atual sistema tributário é um
“manicômio”. Já a proposta em discussão representa grande avanço. “Se não é a
ideal, é muito melhor do que o que temos hoje”, resumiu. “Esperamos que a reforma tributária seja equilibrada para
todos os brasileiros e, assim, todos eles estejam engajados neste esforço de
restabelecer a credibilidade, a confiança e a simplificação do sistema
tributário. E assim, possamos reduzir o custo Brasil do ponto de vista
tributário, para que a economia volte a crescer, que a base tributária seja
ampliada e, olhando para o médio prazo, haja uma queda da carga tributária”,
disse Braga no Senado. Sobre as exceções previstas no texto, para setores que
teriam alíquotas privilegiadas, Braga disse que “para cada concessão feita no
relatório do dia 25, houve uma redução de concessão. A questão do transporte,
por exemplo, nós tiramos alguns modais da alíquota reduzida para o regime
diferenciado, para podermos fazer o equilíbrio”. “Em relação a cesta básica, reduzimos a que teria alíquota
zero e criamos a cesta básica estendida com alíquota reduzida e cashback.
Resolvemos a equação da conta de energia, criando cash back, sem impacto de
déficit fiscal, e também a equação do saneamento, sem criar uma alíquota
reduzida, resolvendo a questão dos bens de capital e a equação do equilíbrio
econômico financeiro dos seus contratos. Para cada uma das questões, nós fomos
milimetricamente fazendo as compensações”, acrescentou.
Braga se reuniu na noite desta segunda-feira (6) para
discutir os detalhes finais do texto com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva; com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Casa Civil, Rui Costa;
com o secretário de Relações Institucionais,Alexandre Padilha e com o
presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Agência Brasil, com foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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