22/10/2023
Entenda como a inteligência artificial pode ajudar no Enem; conheça as principais ferramentas utilizadas
BRASÍLIA, DF - Chat GPT, Google Bard, LuzIA são algumas das
ferramentas de inteligência artificial (IA) que ganham cada vez mais espaço no
dia a dia, nos estudos e nas salas de aula. No preparo para o Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem), elas podem ser aliadas, mas é preciso tomar alguns
cuidados e, principalmente, checar as informações obtidas. A Agência Brasil conversou com o professor do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas e Computação da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) Cláudio Miceli para entender como funcionam essas
ferramentas, quais são as limitações que possuem e em quais situações podem
contribuir com os estudos para a provas do Enem. Ferramentas de inteligência artificial estão disponíveis
para o uso de forma gratuita, basta criar uma conta, inserindo alguns dados
pessoais. O usuário faz perguntas e as respostas aparecem instantaneamente na
tela. Uma solução rápida e fácil. O problema é quando esse mecanismo dá
respostas que não são verdadeiras. O uso dessas novas tecnologias demanda
também novas habilidades de quem está na frente da tela. “A questão é: ela não está ali para substituir o docente,
substituir o professor, substitui um cursinho ou um livro. É uma ferramenta
extra”, defende Miceli. O professor compara essas ferramentas ao próprio Google. “O
Chat GPT é o novo Google? Porque o Google, quando foi lançado, a gente também
teve essa discussão, inclusive me lembro, eu era adolescente, o Google me foi
apresentado como uma ferramenta de encontrar trabalho pronto. O Google é hoje a
ferramenta que todo mundo usa e que é onipresente. Ela não invalidou o nosso
conhecimento, mas a gente aprendeu a lidar com ela. A gente ainda tem que
aprender a lidar com o Chat GPT”, diz. Miceli destaca dois grupos de inteligência artificial com as
quais, provavelmente, o estudante se depara. O primeiro é o das plataformas de
inteligência artificial de predição e, o segundo, das IAs generativas, entre as
quais está o Chat GPT, uma das ferramentas mais populares de IA, criado pela
empresa norte-americana Open IA. As plataformas de IA preditivas são muito usadas em sistemas
de aprendizado por reforço. Um exemplo é identificar os pontos fortes e os
pontos fracos do estudante. Os alunos respondem questões e, a partir das
respostas, o programa identifica quais as maiores dificuldades. A partir daí, a
ferramenta pode propor questões que podem ajudar o estudante a aprender aquele
conteúdo que ainda está defasado. “Isso é muito comum, várias páginas para
concurso usam isso”, diz Miceli. “É um uso bem tradicional dessa IA e que já
vem antes da IA generativa. A gente já vinha utilizando isso, só não era muito
falado. É um uso muito legal e que funciona”, diz. IAs generativas e o Chat GPT As IAs generativas são mais atuais e vêm ganhando cada vez mais
espaço. Essas IAs funcionam com grandes bases de dados e, a partir delas,
constroem textos usando a probabilidade. “Digamos que eu pergunte: o que é IA?
Ele vai buscar, dentro da grande base de textos, todos os textos que falam de
IA. Ele vai começar a construir o texto assim: ‘IA é. E vai buscar nas bases de
texto qual a próxima palavra, qual o próximo conjunto de texto mais provável a
aparecer dado esse conjunto de palavras-chave”, exemplifica, Miceli. Como as inteligências artificiais buscam as respostas que
darão aos usuários em bases de dados, essas respostas dependerão da qualidade
dessas bases de dados. “Um elemento de IA é tão bom quanto os dados que ele
tem. Então, quando a gente fala de dados enviesados, quando a gente fala em
dados incorretos, se alimenta a base dados com esses elementos, você pode ter
resposta errada, com coisas que são muito atualizadas”, explica o professor. Os
usuários muitas vezes não têm acesso às bases de dados e não sabem em que as
ferramentas de IA estão se baseando. Estudar unicamente por essas ferramentas é, portanto,
arriscado e exige cuidados. “Confiar cegamente como se fosse o oráculo da
verdade é o problema. Mas, como guia de estudos, como um começo, é muito
interessante”, diz Miceli. “Quando o aluno trabalha, ele tem que ser obrigado a
se confrontar com mais de uma fonte. Isso o obriga simplesmente a não aceitar
aquela resposta como a única verdade do universo. A questão é justamente isso,
obrigar o aluno a pensar”, acrescenta. Enem 2023
O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. As
notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior
público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a bolsas de estudo em
instituições privadas de ensino superior pelo Programa Universidade para Todos
(ProUni) e a financiamentos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Além
de aplicar para vagas em instituições estrangeiras que têm convênio com o Inep. Mariana Tokarnia/Aline Leal, com foto: Arte – Agência Brasil
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