25/09/2023
Reajuste nas mensalidades das escolas particulares pode chegar a 35% em 2024
BRASÍLIA, DF - As mensalidades das escolas particulares
deverão aumentar, em média, 9% em 2024, de acordo com levantamento feito pelo
Melhor Escola, site buscador de escolas no Brasil. Ao todo, 979 escolas de
praticamente todos os estados, com exceção de Roraima e Tocantins, responderam
ao questionário. Há instituições que manterão o mesmo valor praticado este ano
e há também reajustes que chegam a 35% em relação ao cobrado este ano. Não existe, por lei, um limite máximo para o aumento do
custo das escolas particulares, de acordo com a Lei 9.870/1999, mas as escolas
devem justificar os aumentos aos pais e responsáveis em planilha de custo,
mesmo quando essa variação resulte da introdução de aprimoramentos no processo
didático-pedagógico. “Apesar de causar estranheza o reajuste ser maior que a
inflação, isso é natural, por conta da lógica do reajuste, que prevê tanto o
reajuste inflacionário quanto o nível de investimento que escola fez ao longo
do ano”, explica o sócio-fundador do Melhor Escola, Sergio Andrade. Segundo Andrade, o país entra agora em uma fase de maior
normalidade, após o período de pandemia, que refletiu nos custos. “Estamos
saindo de um evento disruptivo, que foi a pandemia. É natural que o nível de
investimento varie mais do que em um contexto mais estável de mercado”, disse. No reajuste das mensalidades escolares são levados em
consideração índices inflacionários como o Índice de Preços no Consumidor
(IPCA) e o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). Além disso, considera-se
os acordos salariais firmados com os sindicatos e os reajustes salariais tanto
para os professores quanto para os demais funcionários, além dos investimentos
feitos nas instituições de ensino. Com base nesses e em outros dados, como a expectativa de
estudantes matriculados, estabelece-se o valor da anuidade, que não pode ser
alterado ao longo de todo o ano letivo. Diferentes custos De acordo com o presidente da Federação Nacional das Escolas
Particulares (Fenep), Antônio Eugênio Cunha, os reajustes são diferentes e
variam de escola para escola porque os contextos são diferentes. “Importante
esclarecer ao público que não tem nenhum número mágico. Cada escola tem
identidade própria, cada uma tem estrutura funcionando de maneira diferente da
outra. Algumas ocupam espaços físicos alugados, outras, próprios. Espaços
maiores ou menores. O número de salas de aula e de alunos são diferentes, os
equipamentos são diferentes, portanto, os custos operacionais são diferentes”,
explica. Cunha lembra que as escolas devem estar prontas para explicar
às famílias os custos que serão entregues e que há flexibilidade e diferentes
formas de cobrança. “Cada escola tem um plano, porque a gente sempre trabalha
olhando a sustentabilidade do negócio e o atendimento às famílias. As escolas
oferecem planos diferentes, tem escola que divide em 13 parcelas, tem escola
que se tem mais de um familiar matriculado, dá desconto, tem a que dá desconto
para grupo de famílias, cada uma tem estratégia. É natural que o pai do aluno
vá à escola, converse com os diretores para que possam entender o processo e
como podem alcançar algum benefício”. Defesa do consumidor Segundo orientações do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec), o fato de não existir um valor máximo para o reajuste da
mensalidade não impede de se contestar o aumento. A orientação é para que os
consumidores contestem caso considerem os reajustes abusivos. “As escolas particulares e as faculdades têm que justificar
o reajuste, têm que apresentar publicamente para o aluno e para a comunidade
escolar uma planilha com o aumento da despesa. Não pode reajustar para ter mais
lucro, tem que mostrar que teve aumento proporcional a despesa”, alerta o
diretor de Relações Institucionais do Idec, Igor Britto.
O Idec aconselha que os responsáveis tentem uma resolução
amigável. Podem também procurar entidades de defesa do consumidor, como o
Procon, autarquia de proteção e defesa do consumidor. “Caso sejam lesados,
podem procurar o Procon. Já há no Brasil todo uma rotina de notificar a escola
ou faculdade a apresentar sua planilha que, por lei, são obrigadas a
apresentar”. Mariana Tokarnia/Fernando Fraga, com foto: Arquivo/Agência Brasil
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