15/09/2023
VÍDEO: Veneziano alerta para mudança na “PEC Vampiro”, para possibilitar venda de sangue humano
BRASÍLIA, DF - Em pronunciamento no Plenário do Senado, o
Vice-Presidente da Casa, Senador Veneziano Vital (MDB-PB), se colocou contrário
à proposta de emenda à Constituição (PEC) 10/2022, que propõe a comercialização
de plasma humano para o desenvolvimento de tecnologias e produção de
medicamentos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A PEC, em tramitação
na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tem como relatora a senadora
Daniella Ribeiro (PSD-PB). Assim como outros senadores, a exemplo do pernambucano
Humberto Costa (PT), Veneziano entende que esse é um tema bastante “espinhoso,
árido, delicado e controverso”. Ele alertou que a proposta inicial não previa a
comercialização de sangue humano, mas foi modificada na relatoria para que
possibilitasse e venda. “Diga-se de passagem, façamos a devida justiça ao seu autor,
Senador Nelsinho Trad, a PEC 10, na sua origem, não propunha comercialização,
remuneração ou qualquer ganho para que a pessoa viabilizasse – aí a palavra não
é essa; e também não é doar –, fosse a um banco, a um local e recebesse a
remuneração pelo sangue que ela se permitisse entregar. Não é doar, porque ela
não está doando, ela está vendendo. Ele está vendendo, comercializando, o que é
algo absurdo. Mas o Senador Nelsinho Trad não propôs isso”. Veneziano lembrou que ele mesmo chegou a subscrever a
proposta, mas com a alteração para prever a venda de sangue humano, passou a
ser contra. “Quero dizer aqui, e disse na semana retrasada, que havia subscrito
essa proposta, em relação ao projeto original, como mais de 50 outros senhoras
e senhores senadores. O que acontece é que houve uma mudança, a partir do
momento em que o relatório apresentado pela Senhora Senadora Daniella Ribeiro
previra e prevê a comercialização do acesso do plasma pelo sangue”, disse o
senador. Veneziano disse que, mesmo sabendo que existem limitadores,
e que muitos brasileiros precisam dos derivados do plasma e a produção nacional
não atende à demanda, ficando na dependência da exportação, uma coisa não
justifica a outra. “No momento em que nós nos permitimos, pelo texto atual apresentado
e que, venturosamente, foi retirado hoje, para tomar a melhor apreciação da
própria proponente, senhora relatora, nós estamos comercializando e, ao fazê-lo,
vamos acabar com toda a rede de hemocentros, porque ninguém mais se permitirá e
se verá como doador, como aquele que vai, altruisticamente, dizer: ‘Vou
compartilhar do momento de outros que estão a precisar’”. Ele citou posições do Ministério da Saúde e de outras autoridades,
contrárias à proposta. “Se a Hemobrás não vivenciou – não teve a oportunidade,
durante os últimos anos – a produção devida e necessária, que nós invistamos,
como estão sendo feitos esses investimentos, projetando para até o ano de 2026
essa condição de produção desejável do plasma e, a partir do plasma, da
imunoglobulina, e daí os medicamentos para o tratamento da hemofilia, do câncer
e de outras doenças, que são difíceis e sensíveis e que requerem medicamentos
caros. Então, eu quero aqui também fazer esse registo, dizer da bravura, da
presença, da convicção da Senadora Zenaide, do Senador Humberto Costa e de
outros que, como eu, citados ou não, têm essa compreensão”. Debate necessário Segundo Veneziano, isso não significa que o debate não deixe
de ser importante. “Absolutamente, não é isso que eu desejo, não é isso que eu
pretendo, não é isso que eu requeiro. Nós temos aqui contestações, posições e
convencimentos díspares, mas é importante que nós o façamos com o devido
cuidado, senão estaremos produzindo algo de maléfico e de perverso”. Veneziano alertou que boa parte dos brasileiros, sobretudo
os mais humildes, “se verá na necessidade até de dizer: não, eu vou vender ali
100 ml de sangue. Eu vou ali doar o sangue para que o meu plasma seja extraído.
Ou isso não pode acontecer? Ou daí não se poderá estabelecer e se instalar um
mercado paralelo? E daí não se instalar também um mercado paralelo de
comercialização de outros órgãos? Quem nos garante que isso não possa
acontecer?”, alertou o Senador. Veja o vídeo do discurso, CLIQUE AQUI.
Assessoria, com foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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