13/09/2023
Moraes condena 1º réu dos atos golpistas a 17 anos de prisão; indicado por Bolsonaro quer absolvição parcial
BRASÍLIA, DF - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), votou hoje (13) pela condenação do primeiro réu pelos
atos golpistas de 8 de janeiro a 17 anos de prisão em regime fechado. Aécio Lúcio Costa Pereira, morador de Diadema (SP), foi
preso pela Polícia Legislativa no plenário do Senado. Ele chegou a publicar um
vídeo nas redes sociais durante a invasão da Casa e continua preso. Pelo voto, o acusado ainda deverá pagar solidariamente com
outros acusados o valor de R$ 30 milhões pelos prejuízos causados pela
depredação. Cabe recurso contra a decisão. De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral
da República (PGR), o acusado participou da depredação do Congresso Nacional,
quebrando vidraças, portas de vidro, obras de arte, equipamentos de segurança,
e usando substância inflamável para colocar fogo no tapete do Salão Verde da
Câmara dos Deputados. Pelo voto de Moraes, que é relator do caso, o acusado
cometeu os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada e dano contra o
patrimônio público, com uso de substância inflamável. Moraes ressaltou que Aécio foi preso em flagrante e teve
participação ativa nos atos, fazendo uma doação de R$ 380 para o "grupo
patriotas", integrado por pessoas que defendiam intervenção militar.
Durante o voto, o STF exibiu os vídeos que mostram o prédio da Corte, o
Congresso e o Palácio do Planalto sendo invadidos. “Claramente demonstrado que não há nenhum domingo no parque,
nenhum passeio. Atos criminosos, atentatórios à democracia, ao Estado
democrático de Direito, por uma turba de golpistas que pretendiam uma
intervenção militar para derrubar um governo democraticamente eleito em 2022”,
afirmou. O ministro também defendeu a aplicação do conceito de crimes
multitudinários para punir os envolvidos na depredação. Nesses tipos de crimes,
não é necessário a individualização completa das acusações contra os
investigados porque os delitos foram cometidos por uma multidão de pessoas. “Não estavam com armamento pesado, não estavam com fuzis.
Estavam numericamente agigantados, violentos, e a ideia era que, com a tomada
dos três prédios que representam os poderes da República, houvesse a
necessidade da decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) pelas Forças
Armadas”, afirmou. Após o voto de Moraes, a sessão foi suspensa para o
intervalo e será retomada em seguida com a tomada dos demais votos dos
ministros. Durante o julgamento, a defesa de Aécio Lúcio rebateu as
acusações e afirmou que o julgamento pelo Supremo é “politico”. Indicado por Bolsonaro
abre divergência O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF),
votou, nesta quarta-feira (13), pela absolvição parcial de Aécio Lúcio Costa
Pereira, primeiro réu julgado pela Corte pela participação nos atos golpistas
de 8 de janeiro. Nunes Marques divergiu do voto apresentado pelo relator,
ministro Alexandre de Moraes, que votou pela condenação de Aécio a 17 anos em
regime fechado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado
Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, associação criminosa
armada e dano contra o patrimônio público, com uso de substância inflamável. Nunes Marques votou somente pela condenação do acusado a 2
anos e seis meses de prisão em regime aberto pelos crimes de dano e
deterioração do patrimônio tombado. “As fotos e vídeos por ele postados [nas
redes sociais], demostram que ele aderiu aos manifestantes que ingressaram
mediante violência no Congresso, concorrendo para os danos do patrimônio
tombado”, afirmou. No entanto, o ministro divergiu de Moraes e absolveu Aécio
das acusações de atentar contra a democracia e de golpe de Estado. Segundo o
ministro, é necessária ameaça às autoridades dos poderes para caracterização
dos crimes. “As lamentáveis manifestações ocorridas no dia 8 de janeiro,
apesar da gravidade do vandalismo, não tiveram alcance de consistir numa
tentativa de abolir o Estado democrático de direito”, argumentou. Após o voto do ministro, o julgamento foi suspenso e será
retomado amanhã (14). O réu Aécio Lúcio, morador de Diadema (SP), foi preso pela Polícia
Legislativa no plenário do Senado durante os atos. Ele chegou a publicar um
vídeo nas redes sociais durante a invasão à Casa. Ele continua preso por
determinação de Moraes. De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral
da República (PGR), o acusado participou da depredação do Congresso Nacional,
quebrando vidraças, portas de vidro, obras de arte, equipamentos de segurança,
e usando substância inflamável para colocar fogo no tapete do Salão Verde da
Câmara dos Deputados.
Na manhã desta quarta-feira, a defesa de Aécio Lúcio rebateu
as acusações e considerou que o julgamento no STF é “politico”. André Richter/Maria
Claudia/Marcelo Brandão – Agência Brasil, com fotos: Nelson Jr/SCO-STF
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