01/09/2023
PIB brasileiro surpreende e cresce três vezes mais que o esperado no segundo trimestre de 2023
BRASÍLIA, DF - A economia brasileira cresceu 0,9% no segundo
trimestre deste ano, na comparação com os primeiros três meses do ano. O Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma de todos os
bens e serviços produzidos no país, somou R$ 2,651 trilhões. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, a
economia brasileira avançou 3,4%. O PIB acumula alta de 3,2% no período de 12
meses. No semestre, a alta acumulada foi de 3,7%. O crescimento de 0,9% no segundo trimestre de 2023 em
relação ao trimestre imediatamente anterior é a oitava alta seguida neste tipo
de comparação, mas aponta também uma desaceleração, já que nos primeiros três
meses do ano houve crescimento de 1,8% (valor revisado pelo IBGE) ante o último
trimestre de 2022. Os dados divulgados hoje situam a economia brasileira em um
nível 7,4% acima do patamar pré-pandemia e a posiciona no ponto mais alto da
série histórica. Setores Os desempenhos da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%)
explicam o crescimento do PIB no último trimestre. No caso dos serviços, a
influência positiva é maior porque as atividades respondem por 70% da dinâmica
econômica. “O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços
foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de
automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro
dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de
contabilidade, por exemplo”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do
IBGE, Rebeca Palis. A indústria teve crescimento pelo segundo trimestre seguido,
com destaque para a extrativa (1,8%), impulsionada pela extração de petróleo e
gás e de minério de ferro, produtos relacionados à exportação. Como um todo, a indústria segue acima do patamar
pré-pandemia, mas não conseguiu superar o ponto mais alto da série histórica,
atingido no terceiro trimestre de 2013. Agropecuária Dos três grandes setores da economia, a agropecuária foi o
único a recuar no trimestre (-0,9%). A retração se deve, principalmente, à base
de comparação elevada, já que o setor tinha sido o grande motor do PIB nos três
primeiros meses do ano. “Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária
é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao
trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60%
da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisa Rebeca. Consumo Pela ótica da demanda, o consumo das famílias avançou 0,9%
no segundo trimestre. É a maior alta desde o mesmo período do ano passado. “Do lado positivo, o mercado de trabalho vem melhorando
constantemente, há o crescimento do crédito e várias medidas governamentais
como incentivos fiscais, vide redução de preços de automóveis, e os reajustes
nos programas de transferência de renda, notadamente o Bolsa Família. Por outro
lado, os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis, e as
famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de
dívidas, elas levam um tempo para se recuperar”, avalia Rebeca. O consumo do governo cresceu 0,7%, representando o quarto
resultado positivo seguido. Já os investimentos apresentaram estabilidade
(0,1%), mantendo a taxa de investimento em 17,2% do PIB, menor que a do mesmo
período do ano passado (18,3%). A taxa de poupança passou de 18,4%, no segundo trimestre do
ano passado, para 16,9% no mesmo período deste ano. O fim da pandemia explica
esse comportamento, segundo a analista do IBGE: “durante a pandemia, houve
aumento porque as famílias de maior renda, por não poderem consumir certos
serviços, pouparam esse dinheiro excedente. Com a normalização da demanda e
oferta dos serviços, a taxa de poupança caiu.” As exportações (2,9%) e as importações (4,5%) apresentaram
alta ante o primeiro trimestre deste ano. Comparação Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o PIB teve
alta de 3,4%. Na mesma base de comparação, a agropecuária cresceu 17%, o melhor
resultado entre os setores. Já a indústria cresceu 1,5%; e os serviços, 2,3%.
No primeiro semestre deste ano, a economia brasileira
apresentou avanço de 3,7%, com destaque para a agropecuária (17,9%), novamente
bem acima da indústria (1,7%) e serviços (2,6%). “[A agricultura] teve um ótimo
resultado por causa das safras recordes de soja e milho”, explica a Rebeca. Bruno de Freitas Moura/Denise Griesinger, com foto: Tânia Rêgo – Agência Brasil
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