12/08/2023
Investigação da PF cita “organização criminosa” e US$ 25 mil em dinheiro que seriam para Bolsonaro
BRASÍLIA, DF - Áudio obtido pela Polícia Federal (PF) revela
uma conversa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, na qual
houve a citação do valor de US$ 25 mil possivelmente pertencentes ao ex-presidente. A conversa faz parte do relatório da investigação que baseou
a deflagração da Operação Lucas 12:2, que apura o suposto funcionamento de uma
organização criminosa para desviar e vender presentes de autoridades
estrangeiras durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na manhã de hoje, a PF realizou buscas e apreensões contra
Mauro Cid, o pai dele, general de Exército, Mauro Lourena Cid, e o ex-advogado
de Bolsonaro, Frederick Wassef. Na decisão que determinou a realização dessa operação, o ministro
do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes citou o avanço das
investigações da PF, apontando que o dinheiro das vendas dos presentes eram
remetidos a Bolsonaro. "Identificou-se, em acréscimo, que os valores obtidos
dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no
patrimônio pessoal do ex-Presidente da República, por meio de pessoas
interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar
a origem localização e propriedade dos valores". No dia 18 de janeiro deste ano, Cid trocou mensagens com
Marcelo Câmara, apontado como assessor de Bolsonaro, sobre a venda de
esculturas presenteadas pelo governo do Bahrein durante viagem oficial. Na avaliação dos investigadores, o general Mauro Lourena Cid
estaria com o valor de US$ 25 mil, “possivelmente pertencentes a Jair
Bolsonaro. Conforme o relatório, os interlocutores também evidenciaram receio
de usar o sistema bancário para “repassar o dinheiro ao ex-presidente”. “Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo
o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em cash aí. Meu pai estava
querendo inclusive ir ai falar com o presidente. E aí, ele poderia levar.
Entregaria em mãos. Mas, também pode depositar na conta. Eu acho que quanto
menos movimentação em conta, melhor, né?, escreveu Mauro Cid. Conforme regras do Tribunal de Contas da União (TCU), os
presentes de governo estrangeiros deviam ser incorporados ao Gabinete Adjunto
de Documentação Histórica (GADH), setor da Presidência da República responsável
pela guarda dos presentes, que não poderiam ficar no acervo pessoal de
Bolsonaro, nem deixar de ser catalogados. Defesa
A Agência Brasil entrou com contato com a defesa de Mauro
Cid e aguarda retorno. A reportagem também busca contato com as defesas dos
outros envolvidos. André Richter/Valéria Aguiar – Agência Brasil, com foto: Isac Nóbega/PR
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