09/08/2023
Influencer diz que empresário que a acusa de roubo e tortura era cliente e pediu para apanhar
SÃO PAULO, SP - A influenciadora digital Vitória Guarizo
Demito, de 25 anos, alegou à polícia em seu segundo interrogatório que faz
programa "porque gosta", sobrevive com dinheiro dos pais e que o
homem que a acusa de ter sido roubado e torturado era um cliente, "pediu
para apanhar" e fazer sexo em grupo. O empresário de São Paulo fez um boletim de ocorrência
contra Vitória e o namorado dela, o modelo Gabriel Meneses. Ele afirma que, em
maio, ficou 30 horas sob ameaças de morte, foi dopado com remédios e deixado no
banco de trás do carro em Moema, Zona Sul de São Paulo, com queimaduras,
descolamento de retina e fissura no nariz. Vitória e Gabriel estão presos desde o dia 25 por suspeita
dos crimes de tortura e roubo de mais de R$ 40 mil da vítima e objetos
pessoais, como o relógio recuperado pelos policiais do 27º Distrito Policial. A vítima, que não será identificada, conversou com o g1. É
um homem que mora na Zona Sul e conheceu Vitória com o nome de Camila Flores em
um site de relacionamento. Segundo ele, a suspeita dizia ser agredida pelo
ex-marido e procurava companhia. O que diz Vitória Da segunda vez em que foi ouvida, em 4 de agosto, no 27º DP,
ao lado de dois advogados, ela contou que ficou em silêncio no dia da prisão
porque não entendia o motivo de ter sido detida. A influencer argumentou que a vítima está mentindo e, no
primeiro encontro, pediu para ser agredida. No dia seguinte, o programa seria
em grupo, a pedido do cliente, de acordo com Vitória. Gabriel, que é namorado dela, a influenciadora e um outro
rapaz teriam combinado cumprir o pedido do cliente na noite do dia 18 de maio.
Todos teriam consumido drogas, e a vítima novamente foi agredida por ter pedido
isso, ainda segundo Vitória. Sobre as duas transações na conta de mais de R$ 1 mil, ela
afirmou que seriam os pagamentos pelo programa. Vitória informou que não é
traficante de drogas e que a grande quantidade apreendida é para uso pessoal. Questionada sobre um carro de luxo apreendido, ela disse que
foi um presente da família. Outro caso parecido foi registrado no 14º DP, em que um
homem que seria cliente disse ter sido roubado. Ela nega. O que diz a vítima Segundo o empresário, os dois marcaram um encontro em 18 de
maio no apartamento dela. Vitória não estava sozinha e havia dois homens. "Depois que eu cheguei lá [no apartamento] que ela foi
me entreter e foi me levando pra cama. Um [agressor] puxou pela perna, outro
puxou o braço e eu comecei a lutar com eles, e derrubei cortina e tudo, até que
meteu a mão na minha garganta e fui ficando asfixiado e falei: ‘Perdi, perdi’.
Eu ia acabar morrendo", lembra. "Quando tomei o soco na cara, ela [Vitória] falou
assim: ‘Olha, não quero uma gota de sangue aqui dentro de casa. Aqui dentro de
casa, não’. E o cara falou: ‘Pode deixar que esse aqui eu desovo lá fora. Não
tem problema, a gente mata ele, põe na caminhonete’. Ficava nessa tortura
psicológica o tempo todo", detalha. Vitória, segundo ele, preparou um suco e falou: "Faz
ele beber esse suco aí, gente". A bebida estava amarga e pediram para
tomar mais quatro comprimidos. Na sequência, ele teria sido obrigado a passar
senhas bancárias e destravar o celular. "Me queimava com maçarico. Eu tenho marcas assim no
braço. Tive queimaduras que ficaram até hoje, que não devem sair. E tornozelo
também. Ameaçando com faca, dando soco na cara, fiquei com roxo na cara." O homem diz que desmaiou e só acordou dentro do carro. Pediu
ajuda na rua e passou por uma bateria de exames no hospital. "Não achavam
minha veia porque estava muito desidratado." Foram feitas diversas transações bancárias, num total de R$
41 mil - R$ 500 na conta de Vitória, R$ 19 mil em uma conta de Gabriel, R$ 21
mil em outra conta dele e o restante em transferências para mais pessoas.
Enquanto se recuperava, na fatura do cartão começaram a
aparecer outros gastos. A maior quantia foi uma reserva de estadia no Rio de
Janeiro e em Maresias, no litoral paulista, na semana seguinte. g1, com foto: Reprodução/Facebook
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