07/08/2023
Políticos reagem à fala do governador de Minas sobre frente Sul-Sudeste contra o Nordeste
BRASÍLIA, DF - Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo
publicada neste final de semana, o atual governador de Minas Gerais Romeu Zema
defendeu a criação uma frente dos governos do Sul e Sudeste para ter
“protagonismo político” diante da atuação dos políticos das demais regiões.
Zema comentava sobre a criação do Consórcio Sul, Sudeste (Cossud) que, na visão
dele, estaria atrás dos consórcios de governadores do Norte e do Nordeste,
supostamente mais politicamente organizados, segundo Zema. A fala do governador mineiro gerou ampla repercussão no meio
político. Em nota, o presidente do Consórcio Nordeste, João Azevedo, afirmou
que “ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de
tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo
penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de
desenvolvimento”. Segundo o governador da Paraíba João Azevêdo os consórcios
Nordeste não tem qualquer intenção separatista. “Enquanto Norte e Nordeste
apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e,
portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a
lógica de um país subalterno, dividido e desigual”. Em entrevista à GloboNews, o governador do Pará Helder
Barbalho, atual presidente do Consórcio da Amazônia Legal, que reúne os estados
do Norte mais Maranhão e Mato Grosso, disse que é um equívoco estimular a
competição entre os brasileiros das diferentes regiões. “Nós devemos pregar a
união federativa”, defendeu. O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
foi às redes sociais comentar a entrevista de Zema. “Não cultivamos em Minas a
cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e
integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional”, disse. Segundo
Pacheco, “Somos um só país”. O governador do Espírito Santo Renato Casagrande disse que a
opinião de Zema é “pessoal” dele e que participa do Consórcio do Sudeste para
que ele “seja um instrumento de colaboração para o desenvolvimento do Brasil e um
canal de diálogo com as demais regiões”. O governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite foi às redes
sociais e se manifestou dizendo que “seremos todos mais fortes quanto mais
formos um só Brasil”. Segundo Leite, ele nunca achou que o Norte e Nordeste
haviam se unido contra os demais estados do país. “Muito pelo contrário, a
União desses estados em torno da pauta que é de interesse comum deles serviu de
inspiração para que a gente possa, finalmente, fazer o mesmo. Não tem nada a
ver com frente de estados contra estados”. Leite acrescentou que, caso Zema
tenha dito o contrário, “não me representa’. A fala de Zema também repercutiu no governo federal. O
ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino disse que “é absurdo que a
extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil
unido e forte. Está na Constituição, no art. 19, que é proibido criar
distinções entre brasileiros ou preferências entre si. Ainda segundo Dino,
“traidor da Constituição é traidor da Pátria”.
O governador mineiro Romeu Zema comentou as repercussões à
entrevista dele dizendo que houve uma “distorção dos fatos”. “A união do Sul e
Sudeste jamais será para diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e
sim a favor de somar esforços”, explicou. Kucas Pordeus León/Valéria Aguiar, com foto: Rafa Neddermeyer –
Agência Brasil
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