07/08/2023
Romeu Zema defende frente Sul-Sudeste contra Nordeste; governadores nordestinos reagem
BELO HORIZONTE, MG - Neste domingo (6), o Consórcio Nordeste
publicou uma nota criticando falas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema
(Novo), em uma entrevista dada ao jornal "O Estado de S. Paulo" no
último sábado (5). À publicação, Zema menciona a formação de uma aliança Sul-Sudeste
em resposta à articulação dos governadores dos nove estados nordestinos. Ao comentar a formação da frente, Romeu Zema falou sobre o
"protagonismo econômico e político" do Sul e Sudeste. Disse, ainda,
que o Brasil funciona como um "produtor rural que começa só a dar um
tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que
estão produzindo muito", referindo-se aos estados nordestinos. De acordo com Zema, o bloco Sul-Sudeste é formado pelos sete
governadores da região. Para o governador de Minas Gerais, as regiões estariam
em desvantagem em votações na Câmara, mesmo representando uma fatia maior da
população. "Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em
termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de
projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que
sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro
nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, disse em entrevista. Em resposta, o Consórcio Nordeste disse que o governador de
Minas Gerais "demonstra uma leitura preocupante do Brasil" e que o
Norte e o Nordeste foram regiões penalizadas ao longo das décadas pelos
projetos nacionais de desenvolvimento. A entidade também negou "qualquer
tipo de lampejo separatista". "Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do
projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e
reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno,
dividido e desigual. [...] A união regional dos estados Nordeste e, também, os
do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da
federação", alegou o Consórcio, em nota. O grupo apelou, ainda, pela união nacional em torno de áreas
estratégicas, como a economia, segurança pública, educação, saúde e
infraestrutura. Segundo o Consórcio Nordeste, a união entre Sul e Sudeste
pode representar avanços, desde que haja o compromisso no combate nacional às
desigualdades e respeito às diversidades. Confira a nota do
Consórcio Nordeste na íntegra: O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no
jornal O Estado de São Paulo em 5 de agosto, demonstra uma leitura preocupante
do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de
tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo
penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de
desenvolvimento. O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal,
valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados
com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da
cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas
comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de
nossas desigualdades regionais. Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio
Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil
que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do
projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e
reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país
subalterno, dividido e desigual. Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma
região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do
país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais,
econômicas e sociais. É importante reafirmar que a união regional dos estados
Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais
estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional,
as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento. Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa
não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções
continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso,
a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades. A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio
interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo
federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos
apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades,
aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo. Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste,
além de defendermos um Brasil cada vez mais forte e próspero, apelamos pela
união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso
país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e
infraestrutura. Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023.
g1, com foto: Marcos Corrêa/PR
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