11/07/2023
PF vai analisar fala de Eduardo Bolsonaro comparando professor doutrinador a traficante
BRASÍLIA, DF - O ministro da Justiça e Segurança Pública,
Flávio Dino, determinou à Polícia Federal (PF) que analise as declarações dadas
por participantes de um evento em defesa do acesso civil às armas de fogo. “Determinei à Polícia Federal que faça análise dos discursos
proferidos neste domingo, em ato armamentista, realizado em Brasília. Objetivo
é identificar indícios de eventuais crimes, notadamente incitações ou apologias
a atos criminosos”, informou Dino em suas mídias sociais. O ato a que o ministro se refere, o 4º Encontro Nacional do
ProArmas pela Liberdade, aconteceu no domingo (9), na Esplanada dos
Ministérios, na região central da capital federal. Entre os participantes que
os organizadores do evento autorizaram a subir no carro de som para discursar
em defesa da flexibilização da posse e porte de armas estava o deputado federal
Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Com o microfone em mãos, o filho do ex-presidente da
República Jair Bolsonaro comparou o que classificou como “professores
doutrinadores” a traficantes de drogas. “Não tem diferença de um professor
doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar os nossos filhos
para o mundo do crime. Talvez o professor doutrinador seja pior”, disse o
deputado federal, em um momento registrado em vídeos divulgados nas mídias
sociais. Eduardo Bolsonaro também criticou a atuação do Ministério da
Justiça e Segurança Pública. “Os caras aqui do Ministério da Justiça não querem
dar o acesso à legítima defesa, mas isso não pode ser impeditivo para fazermos
o certo. E o certo começa pela nossa família. Se tivermos, por exemplo, uma
geração de pais que prestem atenção na educação dos filhos, tirem um tempo para
ver o que eles estão aprendendo nas escolas, não vai ter espaço para
professores doutrinadores tentarem sequestrar nossas crianças”, disse o parlamentar,
criticando os que apontam problemas estruturais como o machismo e o racismo
por, segundo ele, “verem opressão em todo o tipo de relação” familiar. As declarações de Eduardo Bolsonaro causaram a indignação de
internautas que recorreram às mídias sociais para pedir que o parlamentar seja
punido por sua manifestação. Até o início da tarde desta segunda-feira (10), o
assunto aparecia entre os mais comentados no Twitter. Além disso, esta manhã, o
deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) anunciou que vai entrar com uma
representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra Eduardo
Bolsonaro. “Esse insulto a todos os professores brasileiros não pode ficar
impune”, escreveu Boulos.
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do deputado
Eduardo Bolsonaro e aguarda uma manifestação. Alex Rodrigues/Fernando Fraga –
Agência Brasil, com foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
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