03/07/2023
Veja homenagens ao ex-presidente do STF Sepúlveda Pertence, que morreu neste domingo
BRASÍLIA, D F - O ministro aposentado do Supremo Tribunal
Federal (STF), Sepúlveda Pertence, morreu neste domingo (2) de insuficiência
respiratória, no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, onde estava internado há
mais de uma semana. Ele tinha 85 anos. O velório será realizado nessa
segunda-feira (3), a partir de 10h, no Salão Branco do STF, e o enterro está
previsto para as 16h30, no Campo da Esperança - Ala dos Pioneiros, na capital
federal. Em nome do STF, a presidente do órgão e do Conselho Nacional
de Justiça, ministra Rosa Weber, lamentou o falecimento do ministro José Paulo
Sepúlveda Pertence, que considera um dos mais brilhantes juristas do país,
tendo chegado ao STF pouco depois da promulgação da Constituição Cidadã de
1988. “Teve presença marcante e altamente simbólica no dia a dia da Corte ao
longo dos anos. Grande defensor da democracia, notável na atuação jurídica em
todos os campos a que se dedicou, deixa uma lacuna imensa e grande tristeza no
coração de todos nós”, lamentou Rosa Weber. Na nota divulgada pelo STF, a ministra Rosa Weber lembrou
que Sepúlveda Pertence, nascido na cidade mineira de Sabará, formou-se na
Universidade Federal de Minas Gerais. “Fez curso de mestrado na Universidade de Brasília, onde foi
professor. Aprovado em primeiro lugar no concurso público para o Ministério
Público do Distrito Federal, foi aposentado pela Junta Militar com base no
AI-5. Indicado Procurador-Geral da República em 1985, deixou a função para
assumir o cargo de ministro da Suprema Corte em 1989, nomeado pelo presidente
José Sarney. Teve papel relevante na Anistia após a ditadura militar e na
Assembleia Constituinte, em 1987. Presidiu o Supremo Tribunal Federal entre
1995 e 1997, tendo se aposentado em 2007. Continuou a se dedicar ao direito e
voltou ao exercício da Advocacia”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também destacou que
Sepúlveda Pertence foi um dos maiores juristas da história do país. “Sempre
atuou pela defesa da democracia e pelo Estado de Direito, como advogado e
também como ministro do Supremo Tribunal Federal. Por isso, era respeitado por
todos. Tive o privilégio de ter em Sepúlveda um amigo e também um grande
advogado. Neste momento de perda, meus sentimentos aos seus familiares, em
especial aos seus filhos, aos amigos e aos admiradores de Sepúlveda Pertence”,
declarou o presidente Lula. Tristeza O ministro do STF Alexandre de Moraes, presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também recebeu com pesar e tristeza a
notícia do falecimento do ministro aposentado do STF e ex-ministro do TSE,
Sepúlveda Pertence. “Incansável defensor da democracia durante toda vida, o
ministro Pertence exerceu, com brilhantismo e inovação, a presidência do TSE em
dois momentos, de 1993 a 1994 e de 2003 a 2005”, lembrou Moraes. Destacou que
foi durante a primeira gestão do ministro Pertence que a Justiça Eleitoral
garantiu o direito ao voto aos jovens que completam 16 anos até a data da
eleição. “Ele também possibilitou a criação de uma base que permitiu a
implementação do voto eletrônico no país, nos anos que se seguiram. Pertence foi
responsável por criar uma rede nacional da Justiça Eleitoral, que permitiu
transmitir a alguns centros regionais as apurações de cada seção, de cada
município. Em 1994, fez-se, na gestão do ministro Sepúlveda Pertence, pela
primeira vez, a totalização das eleições gerais pelo computador central, no
TSE”. Alexandre Moraes concluiu que a “Justiça brasileira é
testemunha da competência, da grandiosidade, do brilhantismo e do ser humano
admirável que foi o ministro Sepúlveda Pertence. Em nome da Justiça Eleitoral,
manifesto meu profundo sentimento de pesar e solidariedade à família e aos
amigos”. Do mesmo modo, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil afirmou que a morte do advogado e ministro aposentado do STF era “uma
perda inestimável para o mundo jurídico”. O presidente da OAB Nacional, Beto
Simonetti, destacou que “como advogado e como ministro, (Pertence) pautou sua
atuação pelo diálogo e pela defesa do Estado Democrático de Direito. Será
também lembrado como um defensor incansável do livre exercício da advocacia e
do respeito às prerrogativas da classe”. IAB O presidente nacional do Instituto dos Advogados Brasileiros
(IAB), Sydney Limeira Sanches, referiu-se também, neste domingo, a Sepúlveda
Pertence, membro da entidade desde abril de 2011. No IAB, Sepúlveda Pertence
fazia parte da Comissão de Direito Constitucional. Sanches lembrou que Pertence foi “estadista, jurista,
defensor intransigível das liberdades e com papel central no processo de
redemocratização do país”, além de “responsável pela estruturação do Ministério
Público e por brilhantes julgados em sua combativa trajetória no STF, que
contribuíram para a construção da democracia brasileira”. Em 5 de agosto de
2019, na sessão solene em comemoração aos 176 anos do IAB, o ministro recebeu a
mais importante comenda do Instituto, a Medalha Teixeira de Freitas, que
distingue aqueles que deram contribuição inestimável ao direito e à Justiça. “Pessoalmente, é um dia muito triste, pois tive o privilégio
de compartilhar de inúmeros momentos com o ministro Pertence, um mineiro
encantador de agradável e inteligente conversa”, acrescentou Sydney Limeira
Sanches, manifestando seus sentimentos aos familiares, em especial aos filhos
do ministro. Biografia Considerado um dos maiores juristas brasileiros, José Paulo
Sepúlveda Pertence nasceu em Sabará (MG), em 21 de novembro de 1937. Foi casado
com Suely Castello Branco Pertence e teve três filhos: Pedro Paulo, Evandro
Luiz e Eduardo José. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais, em 1960, conquistando a medalha Rio
Branco, destinada ao melhor estudante da turma.
Nomeado em 4 de maio de 1989 para o STF, na vaga decorrente
da aposentadoria do ministro Oscar Corrêa, tomou posse no cargo em 17 do mesmo
mês. Em 9 de novembro de 1994, foi eleito vice-presidente do STF, assumindo a
presidência do órgão, mediante eleição, em 19 de abril de 1995. A seu pedido,
aposentou-se no cargo de ministro do Supremo em 17 de agosto de 2007, sendo
designado pelo Presidente da República para exercer a função de membro da
Comissão de Ética Pública, com mandato de três anos, pelo decreto de 3 de
dezembro de 2007. Alana Gandra/Aline Leal – Agência Brasil, com foto: Geraldo Magela/Agência Senado
|