28/06/2023
Veja como foi o voto do relator pela inelegibilidade de Bolsonaro no TSE e o que alega a defesa
BRASÍLIA, DF - O ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), votou nesta terça-feira (27) pela condenação do
ex-presidente Jair Bolsonaro à inelegibilidade por oito anos. Se o voto do
ministro, que é relator do caso, for acompanhado pela maioria da Corte,
Bolsonaro não poderá disputar, pelo menos, as eleições gerais de 2026. Após o posicionamento do relator, o julgamento foi suspenso
e será retomado na quinta-feira (29). Faltam os votos dos ministros Raul
Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes
Marques e o presidente do Tribunal, Alexandre de Moraes. O TSE julga uma ação na qual o PDT acusa Bolsonaro de abuso
de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A legenda contesta a
legalidade da reunião realizada pelo ex-presidente com embaixadores em julho do
ano passado, no Palácio da Alvorada, para atacar o sistema eletrônico de
votação. Voto Em sua manifestação, Benedito Gonçalves entendeu que
Bolsonaro difundiu informações falsas para desacreditar o sistema de votação,
utilizando a estrutura física do Palácio da Alvorada. Além disso, houve
transmissão do evento nas redes sociais do ex-presidente e pela TV Brasil,
emissora de televisão pública da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). “A prova produzida aponta para a conclusão que o primeiro
investigado [Bolsonaro] foi integral e pessoalmente responsável pela concepção
intelectual do evento objeto desta ação”, afirmou o relator. O ministro citou que Bolsonaro fez ilações sobre suposta
manipulação de votos nas eleições de 2020 e alegações de falta de auditoria das
urnas eletrônicas. “Cada uma dessas narrativas possui caráter falacioso”,
acrescentou. Benedito também validou a inclusão no processo da chamada
“minuta do golpe”, documento encontrado pela Polícia Federal durante busca e
apreensão realizada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O
documento apócrifo sugeria a decretação de Estado de Defesa no TSE para
contestar a vitória de Lula nas eleições de 2022. “A banalização do golpismo, meramente simbolizada pela
minuta que propunha intervir no TSE e dormitava sem causar desassossego na
residência do ex-ministro da Justiça, é um desdobramento grave de ataques
infundados ao sistema eleitoral de votação”, afirmou. Gonçalves citou ainda que Bolsonaro fazia “discursos
codificados” para encontrar soluções “dentro das quatro linhas da Constituição”
para impedir o que chamava de manipulação do resultado do pleito. “O primeiro investigado [Bolsonaro] violou ostensivamente os
deveres de presidente da República, inscritos no artigo 85 da Constituição, em
especial zelar pelo exercício livre dos poderes instituídos e dos direitos
políticos e pela segurança interna, tendo em vista que assumiu injustificada
antagonização direta com o TSE, buscando vitimizar-se e desacreditar a
competência do corpo técnico e a lisura dos seus ministros para levar à atuação
do TSE ao absoluto descrédito internacional”, completou. O relator também votou pela absolvição de Braga Netto,
candidato à vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Para o ministro, ele não
participou da reunião e não tem relação com os fatos. Defesa No primeiro dia de julgamento, a defesa de Bolsonaro alegou
que a reunião não teve viés eleitoral e foi feita como “contraponto
institucional” para sugerir mudanças no sistema eleitoral.
De acordo com o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, a
reunião ocorreu antes do período eleitoral, em 18 de julho, quando Bolsonaro
não era candidato oficial às eleições de 2022. Dessa forma, segundo o defensor,
caberia apenas multa como punição, e não a decretação da inelegibilidade. André Richter/Marcelo Brandão, com foto: VCampanato – Agência Brasil
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