22/06/2023
Julgamento de Jair Bolsonaro: MPE pede condenação de ex-presidente por reunião com embaixadores
BRASÍLIA, DF - O vice-procurador Eleitoral, Paulo Gonet,
defendeu hoje (22) a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no processo que
trata da divulgação de ataques ao sistema eletrônico de votação durante reunião
realizada em julho do ano passado, no Palácio da Alvorada. Nesta manhã, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou o
julgamento da ação na qual o PDT questiona a legalidade da reunião e acusa
Bolsonaro de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Se o parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) for
acolhido pela Corte, Bolsonaro ficará inelegível pelo prazo de oito anos e não
poderá participar das próximas eleições. No entendimento de Gonet, Bolsonaro cometeu abuso de poder
público por transformar o evento com embaixadores em “ato eleitoreiro” para
proferir discurso de “desconfiança e descrédito” sobre as eleições de 2022. “O evento foi deformado em instrumento de manobra
eleitoreira, traduzindo o desvio de finalidade”, afirmou. O procurador disse que foram divulgadas informações falsas
sobre as eleições por meio de transmissão do evento nas redes sociais e pela TV
Brasil, uma emissora pública. “A reunião foi arregimentada para que a comunidade
internacional e os cidadãos brasileiros, por meio da divulgação pela televisão
e internet, fossem expostos a alegações inverídicas para afetar a confiança no
sistema de votação”, concluiu. Após a manifestação de Gonet, o julgamento foi suspenso e
será retomado na terça-feira (27). PDT Durante a sessão desta quinta-feira (22), o advogado do PDT,
Walber de Moura Agra, defendeu a condenação do ex-presidente e afirmou que
foram divulgados ataques inverídicos ao sistema eleitoral, como insinuações de
possibilidade de fraude e de falta de auditoria das urnas. “Houve reunião com claro desvio de finalidade para
desmoralizar as instituições e de forma internacional. Utilizou-se de bens
públicos para finalidades eleitorais”, afirmou. O que disse a defesa Já o advogado de defesa do ex-presidente, Tarcísio Vieira de
Carvalho, disse que a reunião com embaixadores ocorreu antes do período
eleitoral, em 18 de julho, quando Bolsonaro não era candidato oficial às
eleições de 2022. Carvalho argumentou que a reunião não teve viés eleitoral e
foi feita como “contraponto institucional”. Ele disse ainda que a ação de
investigação eleitoral não poderia ser proposta pelo partido, pois caberia
somente multa no caso de eventual reconhecimento de ilegalidade pelo uso da
máquina pública.
“O presidente, sim, talvez, em um tom inadequado, ácido,
excessivamente contundente, fez colocações sobre o sistema eleitoral
brasileiro, sobre aprimoramentos necessários sobre o sistema de colheita de
votos”, afirmou Tarcísio Carvalho. André Richter/Juliana Andrade, com foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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