14/06/2023
CPMI do Golpe aprova requerimentos para ouvir quatro ex-auxiliares de Jair Bolsonaro
BRASÍLIA, DF - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro aprovou, nesta
terça-feira (13), os primeiros 223 requerimentos com solicitações de
informações e de oitivas de testemunhas envolvidas com as ações que tiveram
início após o segundo turno da eleição de 2022. Desses requerimentos, 35 são
para ouvir pessoas na condição de testemunhas. Entre as oitivas aprovadas, estão a de Braga Netto,
ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, Augusto Heleno, ex-ministro do
Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Anderson Torres, ex-ministro da
Justiça e Segurança Pública e que ocupava a Secretaria de Segurança do Distrito
Federal no dia 8 de janeiro, além de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair
Bolsonaro, e Jorge Eduardo Naime Barreto, coronel responsável pelo Departamento
Operacional da PM-DF. A relatora da Comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA),
opinou que as oitivas devem começar, na próxima semana, por Anderson Torres e
Mauro Cid. “Vejo que são dois nomes que têm uma relação muito direta
com os fatos que se iniciaram no pós-eleição, a partir de 30 de outubro, até o
dia oito de janeiro. Os dois têm papel fundamental e vejo que temos que iniciar
por eles.” Dos 39 nomes apresentados para serem ouvidos pela CPMI,
quatro não foram aprovados na sessão. São eles: Gonçalves Dias, ex-ministro do
GSI do atual governo; Ricardo Cappelli, interventor da segurança pública do DF
após os atos golpistas; Saulo Moura Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin) nomeado pelo atual governo; e Flávio Dino,
atual Ministro da Justiça e Segurança Pública. O deputado da oposição Marco Feliciano (PL-SP) criticou a
retirada desses nomes: “o general Gonçalves Dias, aquele que deu água aos
manifestantes lá dentro do GSI, o governo não quer que o convoquemos aqui”. Segundo a relatora, a retirada dessas pessoas segue uma
estratégia. “Temos uma lógica e organização cronológicas. No plano de trabalho
eu cito o Gonçalves Dias, como cito outras personalidades que julgo importantes
de serem ouvidas. Temos seis meses de trabalho. Alguém que eventualmente não
foi aprovado nessa primeira rodada será, em uma segunda rodada, e tenho certeza
que todos serão ouvidos pela Comissão”, justificou Eliziane. Requerimentos da
oposição A base governista, que tem maioria na comissão, aprovou
todos os requerimentos defendidos pela relatora da CPMI. Em seguida, excluiu 63
requerimentos apresentados pela oposição, muitos dos quais com conteúdo
idêntico. Entre os requerimentos rejeitados, estavam o que pedia
acesso ao teor das imagens de “todas as câmeras do circuito interno do
Ministério da Justiça e Segurança Pública”. Outro pedido era para ter acesso às
imagens do Itamaraty. Havia ainda requerimento pedindo acesso a todos os
documentos que deram origem à viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à
cidade de Araraquara (SP) no final de semana do dia 8 de janeiro, com planos de
voos e de segurança da viagem. Naquela data, Lula foi à cidade paulista conferir os
estragos provocados pela chuva no município. Por trás desses pedidos, está a
tese defendida pela oposição na CPMI de que o governo federal teria se omitido
durante o 8 de janeiro. O deputado federal Filipe Barros (PL-PR) criticou a rejeição,
em bloco, desses requerimentos. “Esses são requerimentos que nós da oposição
estamos pedindo e o governo quer rejeitar. E, pior de tudo, querem rejeitar de
uma vez só. Então, nós queremos aprovar todos esses requerimentos para que essa
investigação seja uma investigação séria e não tendenciosa”, afirmou. Já deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) citou que vários
requerimentos da oposição foram aprovados pela maioria. “Nós votamos favoráveis
a quatro requerimentos do deputado Marco Feliciano. Ele virou base do Governo
agora? Não. Quatro do deputado Nikolas Ferreira nós votamos favoráveis. Não há
essa história de que o governo está rejeitando todo e qualquer requerimento da
oposição”, argumentou.
Já o deputado Pastor Henrique Viera (PSOL-RJ) defendeu que
alguns requerimentos da oposição querem desviar o foco dos trabalhos. “Nós
queremos rejeitar requerimentos que fogem à lógica do roteiro, fogem à lógica
do plano de trabalho, desvirtuam um trabalho investigativo e desviam o foco da
verdade e do contexto anterior ao golpe”, justificou. Pordeus León/Denise
Griesinger, com foto: Lula Marques – Agência Brasil
|