28/05/2023
Professora de creche é afastada após suspeita de dificultar respiração de aluno autista de 5 anos
VESPASIANO, MG - Uma professora de Vespasiano (MG),
funcionária de uma creche municipal, foi afastada pela Secretaria de Educação
após a denúncia de que teria dificultado a respiração de um aluno autista, de 5
anos, fechando a boca e o nariz dele ao mesmo tempo. Segundo o órgão, foi aberto um processo administrativo que
pode levar à demissão da servidora. "Meu filho não para de falar em morte. Plantaram isso
na cabeça dele", afirma a mãe da criança, Fabi Souza, de 42 anos. Veja os detalhes
abaixo. De onde veio a
suspeita? Na terça-feira (23), Pedro, de 5 anos, estava brincando com
o pai quando disse: "Não pega no meu nariz, não, porque vou ficar sem ar e
morrer". Foi a partir dessa frase que a mãe decidiu investigar se o menino
teria passado por alguma situação de violência. O que a criança
disse? Segundo Pedro, "a tia da escola" teria dito que
ele "estava gritando como um papagaio". Em seguida, teria tampado a
boca e o nariz dele. A escola admite que
houve agressão? Na quarta-feira (24), enquanto Fabi cuidava da filha mais
nova, de 10 meses, o marido dela foi até a creche municipal Elizabete Conceição
Almeida Patrocínio, onde Pedro estuda desde 2022. Segundo Fabi, na reunião, a professora teria admitido que
prendeu a respiração do menino há cerca de um mês, porque ele estava em crise,
dizendo que queria morrer. A intenção seria mostrar como é ruim a sensação da
'morte'. Depois, teria dado um beijo no rosto da criança. Ao g1, a diretora da escola disse que seus funcionários não
se manifestarão. "Quando meu filho está em crise e não consegue fazer
alguma tarefa, ele sente culpa e diz que quer morrer. Na escola, ele deve ter
feito algo que não deu certo e disse isso. Fiquei horrorizada [com a reação da
professora]. O Pedro já teve bronquite e crise de asma. Tampar a boca e o nariz
dele? Como posso aceitar? Isso é agressão", diz Fabi. Quais serão as
providências tomadas pela Secretaria Municipal de Educação? Na quinta (25), os pais compareceram à Secretaria de
Educação para relatar o ocorrido e pedir a transferência da criança para outra
escola. Em nota enviada ao g1, o órgão disse que demonstra
"profunda solidariedade com o aluno possivelmente agredido". Diz
ainda que a servidora foi afastada das atividades com alunos e que, por meio de
um processo administrativo, pode ser demitida. Também relata que este é um caso
isolado e que já ofereceu à família a possibilidade de mudar a criança de
escola. "Será ofertado um acompanhamento psicológico, se [os
pais] entenderem que é necessário", informa o texto. O que diz a Justiça? Os pais de Pedro ainda não haviam registrado um boletim de
ocorrência até a última atualização desta reportagem. Não há câmeras na escola. Renata Tibiriça, defensora pública dos Direitos da Pessoa
com Deficiência do Estado de São Paulo, explica que a Lei Brasileira de
Inclusão considera como violência qualquer ação ou omissão que cause sofrimento
físico ou psicológico. "A família pode entrar com ação de reparação de danos
contra a escola. E é dever da Secretaria de Educação agilizar a transferência
do aluno, para colocá-lo a salvo de qualquer forma de violência", afirma. Ela ressalta também a importância de trabalhar a formação de
professores para que lidem com pessoas com deficiência.
"É um grande desafio que enfrentamos nas escolas",
diz. g1, com foto: Arquivo Pessoal
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