27/05/2023
Acusado de transfobia: PGR diz que imunidade parlamentar protege declarações de Nikolas
BRASÍLIA, DF - A Procuradoria-Geral da República (PGR)
enviou nesta sexta-feira (26) um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF)
contra a abertura de inquérito tendo como alvo o deputado Nikolas Ferreira
(PL-MG). O caso chegou ao Supremo após associações representativas da
comunidade LGBTQIA+ e 14 parlamentares acusarem o deputado de ter cometido
crime de transfobia em discurso proferido da tribuna da Câmara no Dia
Internacional da Mulher. No documento, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra
Araújo, afirmou que as declarações estão cobertas pela imunidade parlamentar. “Em outras palavras, em decorrência da imunidade
parlamentar, as declarações proferidas pelo congressista – feitas no recinto
parlamentar e relacionadas ao exercício do cargo eletivo exercido pelo
congressista – estão cobertas pela imunidade prevista no artigo 53, caput, da
Constituição Federal”, afirmou. No dia 8 de março, Nikolas Ferreira vestiu uma peruca
amarela e disse que “se sentia uma mulher” e que “as mulheres estão perdendo
seu espaço para homens que se sentem mulheres”. Para entidades e parlamentares, a fala do deputado promoveu
discurso de ódio por associar uma mulher transexual a “uma ameaça que precisa
ser combatida, uma alusão a um suposto perigo que não existe”. Outro argumento é que o parlamentar publicou o vídeo do
discurso em suas redes sociais, com a inclusão de fotos de mulheres trans, o
que foge à imunidade parlamentar. Após o episódio, pelas redes sociais, Nikolas Ferreira negou
que sua fala tenha sido transfóbica. “Defendi o direito das mulheres de não
perderem seu espaço nos esportes para trans - visto a diferença biológica - e
de não ter um homem no banheiro feminino. Não há transfobia em minha fala.
Elucidei o exemplo com uma peruca (chocante). O que passar disso é histeria e
narrativa”, concluiu.
As ações são relatadas pelo ministro André Mendonça. Não há
data para o julgamento definitivo – André Richter/Marcelo Brandão. Agência
Brasil, com foto: Reprodução/TV Câmara
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