19/05/2023
Governo fará mutirão para fiscalizar postos de combustíveis e garantir queda de preços nas bombas
BRASÍLIA, DF - A Secretaria Nacional do Consumidor
(Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, vai
coordenar um mutirão nacional de fiscalização dos preços em postos de
combustíveis. A operação, que contará com participação de órgãos de defesa do
consumidor, como os Procons, será realizada no dia 24 deste mês em todos os
estados. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (18), em entrevista
coletiva, e tem o objetivo de fazer valer a decisão da Petrobras, que reduziu
nesta semana o preço dos combustíveis vendidos às distribuidoras. A redução foi
de R$ 0,44 por litro do preço médio do diesel, que caiu de R$ 3,46 para R$ 3,02,
e de R$ 0,40 por litro da gasolina, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78. "Nós temos que entender, e reconhecer, que essa medida
da Petrobras e do governo brasileiro beneficiam toda a população brasileira e
tem que ser cumprida, e sua execução, fiscalizada", afirmou o secretário
nacional do Consumidor, Wadih Damous. "Não estamos criminalizando os
postos de combustíveis , mas talvez seja o setor mais cartelizado da economia
brasileira. Nós sempre tivemos problemas com essa questão de preço de combustível",
acrescentou. Segundo Wadih, uma série de denúncias de abusos e fraudes
chegou após o anúncio da redução de preços. Consumidores têm reclamado de
aumento repentino nos preços para burlar o repasse do desconto. A ideia do
governo é comparar os preços praticados nos últimos dias com os preços novos,
após a redução da Petrobras. "Recebemos, de ontem [17] para cá, diversas denúncias
de abuso, de fraudes. Aumentaram [os preços] no dia seguinte ao anúncio [da
redução], para depois, e mais à frente, reduzir, mas não vão reduzir coisa
nenhuma", observou. O titular da Senacon pediu apoio de motorista de
aplicativos, caminhoneiros e da sociedade, em geral, para denunciarem práticas
abusivas. De acordo com o ministro da Justiça, Flávio Dino, entre as medidas
que podem ser tomadas, estão a aplicação de multas e até a suspensão de
atividades dos postos que forem flagrados cometendo ilegalidades na operação. "Marcamos o mutirão dia 24, para que haja tempo para os
postos se adaptarem aos novos preços, orientados por essa política nova da
Petrobras. Esperamos que isso aconteça espontaneamente. Se os postos não
compreenderem a necessidade dessa adequação e tentarem transformar a redução em
margem de lucro, entram em cena os aparatos coercitivos", afirmou. Dino enfatizou que, apesar de não haver tabelamento de
preços no mercado de combustíveis, o setor é regulado por leis, decretos e
outros dispositivos legais, e cobrou senso de proporcionalidade das empresas no
momento de repassar descontos. "Sabemos que a praxe, normalmente, é que,
quando a Petrobras anuncia um preço para a distribuidora, independente do
estoque constante do posto, o repasse é imediato, horas depois, no dia
seguinte. Em relação à redução, não há essa mesma velocidade", criticou. Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, nesta semana, o
ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que haverá "mão
firme do governo para que a queda do preço chegue na bomba". Monitoramento
permanente A decisão de realizar o mutirão foi definida em reunião da
Senacon, que coordena o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, com
representantes de Procons, Defensorias Públicas, Ministério Público, Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e
Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP).
No mesmo encontro, foi definida a criação de um comitê
permanente de monitoramento do mercado de combustíveis, formado pela Senacon, o
Cade e a ANP. Um termo de cooperação deverá ser assinado nos próximos dias para
viabilizar a atuação conjunta dos órgãos, que passará a fazer uma fiscalização
preventiva e ostensiva contra eventuais abusos econômicos do setor. Rafael Vilela/Nádia
Franco, com foto: Marcello Casal Jr – Agência Brasil
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