16/05/2023
CGU identifica R$ 3,8 bilhões de pagamento indevido do Auxílio Brasil
BRASÍLIA, DF - A Controladoria-Geral da União (CGU) publicou
nesta segunda-feira (15) o relatório de auditoria que avaliou o Programa
Auxílio Brasil, que vigorou entre 2021 e 2022, em substituição ao Bolsa
Família, durante o governo de Jair Bolsonaro. De acordo com a apuração do
órgão, o cruzamento de diferentes bases de dados aponta que 468 mil famílias
fora do perfil de renda do programa receberam o benefício, entre janeiro e
outubro de 2022, com pagamentos de mais de R$ 218 milhões por mês, totalizando
cerca de R$ 2,18 bilhões no período avaliado. "Dentre as famílias que tiveram rendimentos
identificados pela equipe de auditoria nessas outras bases de dados
governamentais, cerca de 75% possuíam membros que receberam benefícios na folha
de pagamentos do INSS, enquanto cerca de 17% das famílias possuíam rendimentos
registrados em GFIP [informações previdenciárias] no mês anterior à folha de
pagamentos do PAB [Programa Auxílio Brasil] analisada", diz o órgão. Em outra análise, a CGU estima que falhas de controle no
acompanhamento mensal de pagamentos, que deveria incluir procedimentos de
atualização de informações sobre situação cadastral, pode ter gerado o
pagamento indevido do Auxílio Brasil a cerca de 367 mil famílias, em média, por
mês, no período de janeiro a outubro de 2022. A possibilidade de pagamento
indevido é da ordem de R$ 171 milhões por mês, o que totaliza, no período, R$
1,71 bilhão. "Em relação a esse controle mensal da gestão dos
benefícios, é necessário deixar claro que a verificação da renda familiar per
capita feita pelo MDS [Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social,
Família e Combate à Fome] considera apenas os rendimentos informados, de forma
autodeclaratória pelos próprios beneficiários, no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Diante da fragilidade das informações
relacionadas a este Cadastro, os auditores da Controladoria avançaram na
análise e avaliaram a renda familiar per capita das famílias do PAB a partir de
outras fontes de informação, além do CadÚnico, com o objetivo de complementar a
análise do controle mensal e verificar, de forma mais ampla, a eventual
existência de famílias fora do perfil de renda do PAB", explica a CGU. Desde o início do ano, o programa social voltou a se chamar
Bolsa Família. O valor mínimo de R$ 600 foi garantido após a aprovação da
Emenda Constitucional da Transição, que permitiu a utilização de até R$ 145
bilhões fora do teto de gastos neste ano, dos quais R$ 70 bilhões estão
destinados a custear o benefício. Além disso, foi instituído um pagamento do
adicional de R$ 150, que começou a vigorar em março, após pente-fino no
CadÚnico, a fim de eliminar fraudes. Em junho, começará o pagamento do
adicional de R$ 50 por gestante, por criança de 7 a 12 anos e por adolescente
de 12 a 18 anos. Apesar das falhas identificadas, a CGU informou que a
auditoria mostrou que o processo de migração das famílias do Auxílio Brasil
para o Bolsa Família "ocorreu de forma adequada e sem indicativo de que
tenham ocorrido prejuízos aos beneficiários ou ao erário". Com base na auditoria, a CGU indicou ao MDS, pasta
responsável pelo programa de transferência de renda, a adoção de providências
que constam de nove recomendações, incluindo a necessidade de reavaliação da
situação das famílias que ingressaram no programa e que possuíam indicativo de
impedimento ou de inelegibilidade. A CGU também recomendou o estabelecimento de procedimentos
que utilizem informações atualizadas de base de dados, além do CadÚnico, para
aferição da renda das famílias candidatas ao programa, de forma a evitar que
aquelas não enquadradas nos limites de renda sejam habilitadas ao recebimento
do benefício.
Para receber o Bolsa Família, a principal regra é ter a
renda mensal por pessoa de até R$ 218. A adoção das recomendações será
monitorada pelo órgão de controle ao longo dos próximos meses. Rafael Vilela/Carolina
Pimentel, com foto: Marcello Casal Jr – Agência Brasil
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