22/04/2023
Conversas íntimas de comissionado mostram pedido de estágio em troca de sexo com suposta estudante
RIO BRANCO, AC - Conversas íntimas entre José Fernandes
Ferreira, chefe da Secretaria Estadual de Turismo do Acre, e uma suposta
estudante circulam nas redes sociais nesta quinta-feira (20). Nos prints, ele
supostamente aceita fornecer uma vaga de estágio em troca de sexo. O servidor
nega a proposta sexual e diz que foi vítima de extorsão. As informações são do g1. Dudé é um dos chefes da Secretaria de Estado de Indústria,
da Ciência, do Comércio, do Empreendedorismo e do Turismo (Seicetur). Ele foi
nomeado para o cargo em fevereiro deste ano e tem salário de cerca de R$ 11
mil. Dudé costuma estar envolvido na organização de grandes eventos do governo
do Acre, como a Expoacre. No diálogo vazado, a mulher não é identificada. Na troca de
mensagens, ele pede para ver fotos da genitália dela. Em um dos prints, a
estudante pede a Dudé que a ajude para que ela seja estagiária na área de
turismo, e ele diz que consegue, mas para isso ela precisaria dormir com ele. Em outro print com troca de mensagens, ele diz: "Não
sou secretário, tenho que falar com os colegas. Então se acalma, eu vou te
ajudar". Após o vazamento das conversas, o deputado estadual Emerson
Jarude (MDB) pediu a exoneração de Dudé na sessão desta quinta-feira (20). O
parlamentar apresentou uma indicação para a Mesa Diretora da Assembleia
Legislativa do Acre (Aleac) encaminhe uma indicação ao Executivo para que Dudé
perca o cargo. “O governador tem a responsabilidade de tomar as medidas
cabíveis para punir esse tipo de atitude e dar o exemplo para que isso não
volte a acontecer, mas como até agora não vimos nenhuma declaração ou medida
nesse sentido, vim pedir que seja encaminhada a indicação para a exoneração do
servidor José Fernandes Ferreira Lima do cargo em comissão CAS-8 por conduta
incompatível com a moralidade e probidade administrativa, ao valer-se do cargo
para exigir proveito pessoal”, disse. O g1 entrou com contato com o governo do estado,
questionando se iria se posicionar, mas não obteve resposta. 'Fui vítima de
extorsão' O g1 entrou em contato com Dudé, que afirmou que foi vítima
de um golpe aplicado por alguma pessoa em Belo Horizonte (MG). Ele confirma que
houve uma troca de mensagens, mas não confirma o teor do que foi dito. Disse que depois das mensagens recebeu uma ligação ameaçando
o vazamento caso ele não pagasse R$ 1 mil, mas que ele se recusou e fez uma
transferência de R$ 70. "Tem um print vazado aí nas redes e nenhum momento
esses prints falam ou comprovam que eu estou oferecendo emprego para alguém.
Pelo contrário, quem lê os prints vê que eu estou dizendo que não posso dar
porque não sou secretário, que não é assim que se faz. Quem continuar
insistindo, quem afirmou isso vai responder na Justiça porque não tem em nenhum
momento dizendo que eu fiz isso. Fui vítima de extorsão, de um golpe. Como é
que uma pessoa de 47 anos, mora em Belo Horizonte pode estar querendo estágio? Ela
me pediu mil reais, eu disse que não poderia dar porque eu não tinha. Eu não
nego as conversas, conversei um dia com essa pessoa. É fato. Eu fui vítima de
extorsão", disse ao g1. Segundo o servidor, essa já é a segunda vez que foi vítima
de extorsão e que teve conversas vazadas. A primeira ocorreu em agosto do ano
passado, quando registrou um Boletim de Ocorrência contra um perfil que pediu a
quantia de R$ 500. Na quarta-feira (19), ele registrou outra queixa na
delegacia por difamação. Sobre as falas do deputado sobre ele, disse que vai adotar
medidas judiciais. "Ele não pode afirmar. Ele está reproduzindo o que
falaram. Ele poderia ter me ligado, perguntado. Não existe, pode pegar os
prints, e veja se em algum lugar 'tá' oferecendo emprego. Quem afirmar isso vai
ter que responder. Ele tá fazendo o papel de oposição, mas ele não pode,
irresponsavelmente, afirmar o que eu fiz o que ele disse que fiz, 'oferecer
estágio em troca de favores'. Não fiz, não faço e lá nos prints não diz isso.
Seu Jarude vai ter que responder né, óbvio", frisou. O que diz o Estatuto
dos Servidores Públicos Civis do Estado do Acre
Segundo a Lei Complementar nº 39, de 1993, mais precisamente
nos artigos 166, inciso IX, diz que o servidor deve "manter conduta
compatível com a moralidade administrativa". No que tange às proibições, o
artigo 167, inciso IX, diz que o servidor não pode "valer-se do cargo para
lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
pública". g1, com fotos: Reprodução
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