15/04/2023
China: Lula e Xi Jinping assinam 15 acordos comerciais e de parceria em Pequim; veja o teor dos acordos
PEQUIM, CHINA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
presidente da China, Xi Jinping, assinaram, nesta sexta-feira (14), em Pequim,
15 acordos comerciais e de parceria. Lula está em viagem ao país asiático e foi
recepcionado no Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês. Os mandatários participaram de reunião ampliada com os
ministros e assessores de ambos os países e tiveram encontro privado. Nessa
conversa, além de temas bilaterais, eles trataram do diálogo e negociação para
encerrar a invasão da Ucrânia pela Rússia. Um jantar em homenagem a Lula também
foi oferecido por Xi Jinping. Os termos assinados entre os dois países incluem acordos de
cooperação espacial, em pesquisa e inovação, economia digital e combate à fome,
intercâmbio de conteúdos de comunicação entre os dois países e facilitação de
comércio. Um dos acordos prevê o desenvolvimento do CBERS-6, o sexto
de uma linha de satélites construídos na parceria bilateral. De acordo com o
governo brasileiro, o diferencial do novo modelo é uma tecnologia que permite o
monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica, mesmo com nuvens. Certificação Outros documentos assinados tratam de certificação
eletrônica para produtos de origem animal e dos requisitos sanitários e de
quarentena que devem ser seguidos por frigoríficos para exportação de carne do
Brasil para a China. O Brasil é o maior fornecedor de carne bovina para o país
asiático e 60% da produção brasileira são vendidos para a China. No contexto da visita do presidente brasileiro, o setor
empresarial também anunciou 20 novos acordos entre os dois países em áreas como
energias renováveis, indústria automotiva, agronegócio, linhas de crédito
verde, tecnologia da informação, saúde e infraestrutura. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, esses acordos
somam-se àqueles anunciados durante o Seminário Econômico Brasil-China,
realizado em 29 de março, totalizando mais de 40 novas parcerias. Lula deveria
ter feito essa viagem no fim do mês passado, ocasião do seminário, mas um
quadro de pneumonia o obrigou a adiar o compromisso. “No setor turístico, destaca-se a inclusão do Brasil na
lista de destinos autorizados para viagens de grupos de turistas chineses, o
que representa grande oportunidade para o crescimento do fluxo de visitantes
entre os dois países”, destacou o Itamaraty. Antes da assinatura dos atos, Lula e a comitiva brasileira
participaram de cerimônia de deposição de flores no monumento aos Heróis do
Povo, na Praça da Paz Celestial. Outros encontros Mais cedo, também no Grande Palácio do Povo, Lula teve
encontro com presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.
Segundo a Presidência da República, eles trataram da parceria estratégica entre
Brasil e China, da ampliação de fluxos de comércio entre os países e do
equilíbrio da geopolítica mundial. “Lula ressaltou que o Brasil foi o primeiro país a
reconhecer a China como economia de mercado. Reforçou que o país asiático foi
parceiro essencial para a criação dos Brics [bloco formado por Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul] e que a relação bilateral entre as nações tem o
potencial de consolidar uma nova relação sul-sul no âmbito global”, informou o
Palácio do Planalto. Os dois líderes também ressaltaram a intenção de ampliar
investimentos e reforçar a cooperação em setores como educacional e espacial. Já o primeiro compromisso do dia de Lula e integrantes da
comitiva foi a reunião com o presidente da State Grid, Zhang Zhigang. A empresa
é líder do setor elétrico na China e tem investimentos no Brasil, com 19
concessionárias e linhas de transmissão em 14 estados. De acordo com o Planalto, Lula reforçou a importância dos
investimentos chineses no Brasil, a confiança na economia nacional e o foco do
governo federal em investimentos em energias renováveis e na ampliação da rede
de transmissão integrando projetos de geração eólica e solar com a rede
convencional. A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde
2009. O volume comercializado entre os dois países em 2022 foi de US$ 150,4
bilhões. O ano de 2023 marca o cinquentenário do início das relações comerciais
entre Brasil e China. A primeira venda entre os dois países aconteceu em 1973,
um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas sino-brasileiras. Essa viagem é a quarta visita internacional de Lula após a
posse neste terceiro mandato. O presidente já foi à Argentina, ao Uruguai e aos
Estados Unidos. Ele também recebeu, em Brasília, o primeiro-ministro da
Alemanha, Olaf Scholz, no fim de janeiro. Ontem (13), Lula cumpriu agenda em Xangai, onde participou
da posse da ex-presidenta Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de
Desenvolvimento, o banco de fomento dos Brics, teve encontro com empresários e
visitou o centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa de tecnologia Huawei.
A comitiva do presidente Lula deixa a China amanhã (15). No
retorno ao Brasil, o avião presidencial pousará em Abu Dhabi, capital dos
Emirados Árabes Unidos, para uma visita oficial. Andreia Verdélio/Kleber
Sampaio, com foto: Ricardo Stuckert – Agência Brasil
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